Confira toda a beleza sonora de Odelet em seu novo álbum “Pisces Pie”

A esteira do hip-hop transporta artistas de várias vertentes, desde o ríspido e intricado som com batidas colossais a melodias elegantes e delicadas, como são feitas neste último disco da cantora Odelet, chamado “Pisces Pie”. O sucessor de “The Angels Album” (2022) contém onze canções, a começar pela faixa título que já revela todo encanto e carisma da cantora de Detrit. Além da voz de textura aveludada da cantora, seu talento para compor e produzir sonoridade são notáveis. Ouça em “Supreme” a delicadeza das linhas melódicas e campos harmônicos para entender melhor o que digo. A moça é realmente uma fonte de inspiração.

Suas técnicas vocais que parecem sair da escola de Sade Adu e Mariah Carey, casam perfeitamente em execuções jazzistas, como em “Ten Tons” que também figura um pouco na musicalidade oriental. Contudo, as frases de piano e batidas moderadas da bateria programada apontam a um caminho mais moderno. Em músicas como “Paired”, a melodia compassada encontra o seu ápice em um incrível banho de leveza. Trata-se de uma obra perfeita criada em comunhão com o seu parceiro musical Jack Mapel que, aliás, também está em todas as músicas. Deseja se sentir bem? Então relaxe no sofá e escute esta música de olhos fechados.

O que mais encanta em “Pisces Pie”, realmente, são as afinações da voz de Odelet. A sua entonação penetra em nosso subconsciente sem o mínimo trabalho. Sobre essa afirmação, você pode conferir em “Mesh” essa magia acontecer. A suavidade do canto principal mais as camadas de backing vocals gravadas pela própria cantora, formam uma cortina sedosa. E na mesma linha segue “Unique”, compacta e pomposa. A hipnose sonora se alinha ao andamento da bateria que chama marcação entre o grave do bumbo e os médios do prato. Uma verdadeira aula de simplicidade e beleza.

Dando continuidade ao espetáculo de sofisticação, “Cinderella” suege com uma proposta mais distinta no jogo de empolgação. Com linhas melódicas um pouco mais variadas e um andamento cadenciado mais ao estilo groove, a canção distribui boas sensações. As variações vocais também são mais amplas e a produção é homogênea como todo o álbum. Essa pegada mais clássica de Odelet que vem do soul, R&B e pop tradicional fornece à cantora uma infindável referência de climas, arranjos e destreza. Dessa forma, ela consegue entregar em sua arte várias experiências para o deleite do ouvinte. Consequentemente, o retorno é sempre positivo com o aumento de fãs.

Algumas músicas como “Six of Cups”, são compostas com elaborações abstratas, indicando complexidade na condução. O seu começo, com batidas que no decorrer da canção se tornam aleatórias, nos faz lembrar de um ambiente acinzentado, como um balcão de pub prestes a terminar o seu horário de funcionamento, onde uma banda solitária ao palco toca as últimas notas de seu repertório. Esse olhar melancólico também se transforma em arte nas mãos de Odelet, que executa as teclas do piano alheia à marcação da bateria. Para quem gosta do estilo mais soturno do jazz não vai se espantar.

Com uma dose a mais de R&B, “Whole” se destaca pela bela condução vocal acamada por uma sutileza de bateria. Aqui, temos uma perfeita execução que pode embalar vários temas cinematográficos, desde um romance piegas a uma viagem interestelar. Mas impossível mesmo é não se render à hipnose sensorial da voz de Odelet. Seja enveredando caminhos pela nossa audição ou duplicada em backing vocals, a sensação é sempre maravilhosa. Musicas assim, cantadas de dentro do coração para fora, possuem até mesmo efeitos de cura quando o ouvinte que se livrar de infortúnios, como o estresse, fadiga mental e muscular.

Esse clima mais pop se estende a “Eletric” com a já habitual elegância de Odelet. Outra sensação que se extrai das músicas dessa norte-americana, é a vibração sensorial. Ou seja, suas palavras sussurram em nossos ouvidos, nos arremetendo a dimensões estranhas conduzidos por grande energia. Aí você evidencia também as partes de piano com a programação de bateria e se sente totalmente envolvido em um casulo. É difícil não se entorpecer com essas vibrações que transcendem o seu corpo e massageiam a sua alma. Se você não sabia que, na cena do hip-hop, existia uma vertente que beira o psicodelismo como há neste álbum, apresento-lhe.

Para finalizar, a sofisticada canção “Carousel” se encarrega nesta tarefa. A experiência de ouvir esta música, assim como todas as outras, é enriquecedora à nossa audição. O baile da qualidade instrumental e performance vocal se mistura a uma produção cristalina. A vantagem de se ter a música de uma artista como essa em nossas play lists, é que sempre poderemos contar com bom gosto refinado para momentos de solitude. Isso tudo sabendo que, talvez, Odelet seja a única cantora a debruça-se sobre este estilo, pois suas particularidades emergem dos falantes como algo novo a ser reverberado por mais artistas.

Ouça “Pisces Pie”.

Visite o site oficial de Odelet.

https://everlastingtape.com

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