Sabe-se o quão expansiva pode ser a música eletrônica. Ao mesmo tempo em que há essa possibilidade, os territórios que ela engloba estão cada vez mais escassos, logo fazer algo original dentro deles é uma tarefa e tanto. Porém, há gênios que conseguem essa façanha e provavelmente estamos diante de um deles.
Diwght Pero é nome por trás do Half/Moon, e ele representa um destes gêneros. Aposta em sonoridades distintas utilizando apenas sintetizadores e consegue atingir um resultado mais que surpreendente, pois traz consigo muita qualidade e bom gosto. E tudo com um conceito por trás, o que faz com que isso fique ainda mais interessante.
E o mais incrível, o Half/Moon praticamente dispensa as linhas vocais, mas consegue passar sua mensagem mesmo assim, e não é diferente neste seu mais novo álbum, chamado “Palid Shores”, onde em 1h30 distribuídas em 17 composições, varia nos climas, melodias e intensidade, prendendo o ouvinte nesta longa jornada.
Estamos diante de um álbum que pinta um retrato da vida nos dias que antecederam a destruição e as ações desesperadas tomadas para mitigar seus efeitos. Nele, uma sombra parece prestes a cair sobre a cidade de Oakley Harbor, em Nova York, mas na realidade já está aqui.
Quando dizemos que ‘praticamente’ não existe vocais, é porque as canções apresentam diálogos que ajudam a contar essas histórias, mas sem vocalizações ou cantos, e sim falas recitadas, textos de cenas, que são colaborações de Andie “Tudsley” Tuersley, Paul Cross e Alice Cross. Isso dá um teor mais industrial às composições.
Porém, como dito antes, trata-se de um trabalho versátil, que complica ao destacar uma ou outra faixa, mas há aquelas que chamam atenção de início e a primeira delas é a futurista “Tuesday Again”, que abre o disco com seus sete minutos de uma viagem marcante, com variação de sintetizadores e melodia que se intensifica em seu decorrer.
Se você prefere algo mais brando e intimista, “Coastal Array” atenderá seus anseios, enquanto “Lunch” é a primeira música dançante, com sua batida consistente e influências claras do dance. Uma vinda antes da outra, mostrando certo contraste e provando a versatilidade do disco.
São muitos momentos, e ainda pode-se destacar a levemente suja e caótica “It´s Already Here”, além de “… No Problem”, que fecha o disco com um ar que cabe muito bem a essa tarefa, parecendo o fechar de portas de uma nave, enquanto algum ser que observava a história toda se despede.