É uma mistura de elementos e sonoridades. Ao mesmo tempo em que um dulçor adocicado grita ao ocupar a dianteira melódica, o som do toque do telefone se confunde em meio a um choro escondido, oferecendo, já a partir daí, evidentes requintes de drama. É então que um breve coro gospel é ouvido ao fundo fazendo nascer uma primeira camada harmônica capaz de tocar o emocional do espectador.
Gradativamente, a canção vai evoluindo sua atmosfera melódica ao ponto de extravasar, através do início do desenho lírico, sua essência rappeada. Luke French, com sua voz agradavelmente grave que surge em cena dando vida a palavras pronunciadas de forma sincopada, além de amplificar o aspecto dramático, insere curiosos toques de crueza à composição.
O mais interessante é perceber que a pronúncia de French é pausada e possui um movimento quase próprio. Isso facilita ao ouvinte a tarefa da compreensão daquilo que está sendo dito e, consequentemente, permite a sintonia emocional proposta a cada palavra proferida.
Com tal paisagem estética, Raw Talk é marcada por experimentações harmônicas que conferem o gospel em meio ao rap, ao mesmo tempo em que o baixo dá vasão a generosas pitadas de R&B na base melódica. É assim que French faz, do single, uma obra penetrante e até, de certa forma, visceral.
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