Não é uma composição comum, é necessário dizer. Afinal, ela explora, desde seu início imediato, combinações sonoras não-padronizadas e experimentais, das quais muitas se originam através de onomatopeias vocais combinadas com um beat de silhueta embrionária. Claro que essa paisagem estrutural serve apenas como primeiro chamariz, evoluindo, em sequência, para algo mais orgânico e, minimamente, mais orgânico.
Durante o primeiro verso que se começa a construir, o ouvinte enfim percebe que a música se trata de um produto rap em virtude de seus lirismos sincopados e seus beats bem marcados. Com chimbais tremulantes e secos auxiliando no processo de identificação da cadência rítmica, a faixa tem, como elemento protagonista, uma sonoridade aguda no limiar da estridência obtida através de meios sintéticos.
Com isso em mente, o espectador tem de dividir a atenção com o elemento que rouba a cena. Por meio de sua voz grave, Satch hipnotiza o espectador em meio às suas nuances interpretativas de caráter curiosamente sensual. Importante salientar que, durante toda a execução da obra, o cantor se manteve com seu timbre limpo, ausente, portanto, do uso de autotunes.
O mesmo, inclusive, pode ser dito do uso de subgraves. O artifício, surpreendentemente, é ausente na obra, a tornando um produto que adquire pressão e consistência por meio de uma batida rítmica branda. Contando ainda com a presença de UG Havok, Flava não se configura somente como uma faixa que captura a essência de Louisiana. Ela traz consigo a tarefa de empoderar o ouvinte a abraçar a individualidade e enaltecer a autoconfiança.
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