Colin Stauber é um artista assíduo na utilização do Coke Studio, estúdio de uma famosa marca de refrigerantes localizado em Los Angeles, para a gravação de muitas obras suas. Nesta, o cantor apresenta o álbum “Colin Stauber Live At Coke Studio” em versão luxuosa, que conta com nove faixas. A primeira delas, intitulada “Fall”, revela um disco inteiro composto por voz e violão. Tudo bem, não é um lançamento acústico, pois algumas músicas como “Deep Breaths” possuem alguma climatização de sintetizador, mas no geral o destaque vai para a voz juvenil do músico e seu instrumento de seis cordas.
Stauber, que já é um conhecido artista nos Estados Unidos por aparições em alguns programas de mídia, é um entusiasta da boa música, da qual executa com sentimento e dedicação. Você pode conferir isto neste álbum que, em canções como “Nature”, suas linhas melódicas transbordam simplicidade, magia e bem-estar. Até aí, como o próprio título da faixa propõe, é perfeitamente natural acontecer, até porque ser objetivo e envolvente é ser luxuoso. Mas não é só isso, durante a audição completa, você passará por experiências verdadeiramente cativantes, relaxantes e, dependendo do seu estado de espírito, até libertadora.
Neste álbum, Stauber mostra que para criar boas músicas com boas melodias, não é preciso, de certa forma, tentar ser o melhor. O seu estilo é tão espontâneo que a simplicidade na voz, nos acordes e até no tamanho dos títulos das músicas, nos reporta a um cenário despretensioso construído pela sua própria personalidade. Isto, por exemplo, está estampado em todas as músicas desse disco, como as já citadas e “Motions”. Apesar dessa calmaria toda, sentimos em nosso interior algo pulsar, talvez seja a alegria de nossas audições estarem protegidas por melodias que respeitam o nosso sossego, ou até mesmo promovem.
Uma dica para você absorver melhor toda a doçura dessas ondas sonoras, é se trancar em um quarto quando se sentir tenso e colocar este álbum para ouvir. Perceberá a utilidade terapêutica que músicas como “Coast” possuem. Esqueça essa coisa de respirar fundo e contar até dez para o estresse desaparecer. O que vai diminuir ou eliminar de vez os maus sentimentos é um conjunto de harmonias e sonoridades vespertinas, como essa. É só se entregar, deixar fluir a musicalidade e se tornar um receptor dessa energia. De outra forma, continue fazendo recomendações infantis, como contar até dez ou contar carneirinhos. Aí você dirá o que funciona.
Enquanto ao estilo? O que Stauber promove em suas composições? Bom, apesar de o músico californiano frequentemente navegar pelas águas do techno pop, em músicas como “Flashback”, “Desert Sun” etc., a sua lida em um cenário mais pitoresco e virtuoso é no mínimo excelente. Até mesmo em músicas com pouca letra, como em “I’ll Be There”, o resultado é animador a quem procura paz e um pouco de meditação. Tudo isso graças também à produção feita pelo próprio artista, com colaboração de Rob Rettberg. De maneira idêntica, o próprio Coke Studio tem sua parcela de culpa nisso.
A impressionante performance de Stauber em seu álbum “Colin Stauber Live At Coke Studio”, certamente está inserida em uma trajetória que para posteridade servirá de influência para um lindo legado. Se o mundo da música é uma das coisas mais mutáveis na existência, onde boas canções ao longo da história despontam como clássicos, em um período de aproximadamente vinte anos, temos aqui vários exemplos a esse tipo de transformação. Músicas como “Horizon” e as demais deste disco, podem abrir várias pautas sobre o que agrega a música, separando o que é bom do que é fútil.
O clima do álbum é tão bom, que às vezes, embriagados pela melodia, não damos conta de que já escutamos mais de uma música, como se uma execução fosse sempre extensão de outra. Experiência esta que você pode conferir entre “Horizon” e a seguinte, “Spirit”. Em um estado mais profundo de meditação, em um álbum como este que tem aproximadamente quatorze minutos de duração, você pode até mesmo entrar em um estado de sono e se despertar horas depois. Isso porque acontece um fenômeno chamado entrelaçamento melódico, onde você não percebe os intervalos de uma música para outra, mesmo todos eles estando lá.
A trilha sonora de muitos paraísos, se é que podemos adjetivar este álbum dessa forma, se encerra com “High”. Nesta canção, Stauber solta um pouco mais a voz, sem desafinar e sem desviar da condução dos acordes. Agora, falando um pouco sobre parte técnica do disco, temos aqui um material perfeitamente límpido, sem distorções e com uma sonoridade que lembra ressonantes cristalizados. Podemos afirmar que as composições do cantor não poderiam receber melhor beneficiamento, pois da forma como tudo foi concebido com a naturalidade da voz e violão, também foi empregada a produção em pratos limpos. Uma palavra para isso: perfição.
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