Cochrane anuncia novo álbum. Conheça Lagerstätte!

É como o adormecer. O acessar de uma profundidade do sonho onde o ambiente é maravilhoso, fantástico. Entre cores vivas, pastéis e místicas, o flutuar é a única forma de se movimentar nesse ecossistema. Afinal, a leveza é a característica dominante de tudo que nela existe. Porém, nessa imensidão construída pelo inconsciente, o êxtase também é capaz de encontrar o torpor, a delicadeza e, também, o bem-estar. Nesse ambiente, não há maldade, dor ou qualquer menção ao sofrimento. Existe, sim, a máxima introspecção, a proposta do autoconhecimento, a atemporalidade. Aqui, o tempo e o espaço não seguem uma linha cronológica. Esse é o universo imageticamente oferecido por The Rolling Cells, uma faixa épica que explora, livre e brilhantemente, as mais diversas texturas e emoções por meio de um instrumental amplo que vai do sci-fi ao post-rock. 

A acidez sintética é a textura responsável por sinalizar o abre-alas de um novo cenário. Imbuído em uma espécie de melancolia estrutural, mas, ao mesmo tempo, confortável e macia, ele é capaz de distribuir aromas florais de forma a atingirem o ouvinte sob uma silhueta morfinesca e manipulativa. De caráter curiosamente transcendental, The Cat, The Muse se vale de seu veludo conjuntural como uma forma de atrair o ouvinte para si e continuar aquela viagem pelo maravilhoso iniciada na canção anterior. Aqui, porém, a exploração vai além dos limites ligeiramente lógicos e mergulha ainda mais no inconsciente e na sua grandeza de repartições emocionais ainda intocadas como uma autodefesa de eventuais sofrimentos.

De beat marcante, cuja presença funciona como uma tentativa de, aos poucos, ir trazendo o espectador de volta ao seu senso de lucidez, a canção é imbuída em uma linearidade rítmica. Abraçada por melodias aveludadas, mas ao mesmo tempo gélidas, sintéticas e transcendentais, essa constância do beat, apesar de vir com a ideia de retomar a consciência, acaba, simultânea e, talvez, despropositadamente, incentivando o torpor e até mesmo lapsos alucinantes. Entre sensualidades e maciezes, Future Name é capaz, inclusive, de ter características dançantes em sua estrutura, além de ser mais uma obra de Lagerstätte em ter uma estrutura épica.

Macia, mas ao mesmo tempo sombria e melancólica, a canção se inicia com um veludo que, curiosamente, oferta curiosos graus de desconforto no ouvinte. Entre rompantes graves, mas delicadamente bojudos do baixo notado na base melódica como um dos, se não o único, elemento orgânico presente, a canção vem com um interessante requinte de sensualidade que em nada tem de libido ou provocativo. De essência digital, o que possibilita bons flertes com a temática sonora do sci-fi, Dad Song é onde o Cochrane consegue hipnotizar, embriagar e manipular o ouvinte da forma como acha viável. Afinal, sua sonoridade é muito além do transcendental e do alucinante. Ela é capaz de levar o ouvinte para mundos, universos, planetas ainda não descobertos que, portanto, são virgens em relação à exploração da raça humana.

Lagerstätte vem na forma de um álbum instrumental em que o Cochrane convida o ouvinte para um universo de exploração. De texturas a emoções, o material promete não apenas um mergulhar na introspecção, como também um enfrentamento do processo do autoconhecimento ao adentrar nas maravilhas do inconsciente. Não é à toa que, aqui, não existe tempo ou espaço. O atemporal é o estado dominante.

Mais informações:

Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/0BcqBMdyR8aOAy1nfEDhtI

Site Oficial: https://cochranesound.com/home

Instagram: https://www.instagram.com/cochranesound?igsh=YnV5endvdzlsNWlu&utm_source=qr

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