Carey Clayton é um compositor, produtor e multi-instrumentista de Los Angeles. Ele começou sua carreira como guitarrista e membro colaborador do grupo indie pop Great Good Fine Ok e, posteriormente produzindo/escrevendo para dezenas de artistas indie e colaboradores. É aquela velha história de quem começou tarde sua carreira solo.
Sim, até porque Clayton iniciou seu voo solo somente em 2020, quando lançou seus EP´s de estreia, que foram seguidos por diversos singles, álbuns e culminaram em turnês pelo mundo todo. Mundo todo literalmente, afinal de contas, ele fez shows em lugares como China, Lagos (Nigéria), Istambul (Turquia), Europa e América do Norte.
Vale destacar também que estamos diante de um artista versátil, que também compõe música de cinema e TV, com insertes em grandes redes como NBC, ABC, Amazon, Netflix, Tribeca Film Festival, além de produzir para marcas e empresas. Ou seja, um artista versátil e pau para toda obra. Já teve e tem ao seu lado, nomes de músicos como Eric Derwallis, Sam Merrick, Danny Wolf, Josh Bailey, Steve Brickman, Kayla Starr, Katherine Shuman, Giosue Greco e Joao Gonzalez.
É com toda essa bagagem que ele chega ao seu mais novo disco, este “Headles”. Segundo o próprio Clayton, talvez o seu mais ousado projeto. Pode parecer palavras imediatas, mas que o álbum traz ousadia, isso é inegável. Além de tudo, por ser composto em um momento de meditação, o disco é conceitual sobre insights e perspectivas da meditação e da prática consciente. São 16 faixas em pouco mais de 1 hora.
Destrinchando o disco, estamos diante de algo versátil, mas que tem um norte. A sonoridade encontrada em “Headless” parte de um ponto onde o indie, psicodélico e eletropop se encontram, mas sempre mantendo o leque aberto para elementos a mais, o que dá uma variedade sonora sem perder a identidade do artista.
A introdução, que leva o mesmo nome do álbum, é o retrato da proposta e traz um momento curto meditativo. Ela dá passagem para a incrivelmente suave e intrincada “Light On”, uma faixa toda delicada, que se destaca pelo equilíbrio que traz entre seus elementos, com destaque para os graves vibrantes e o trabalho vocal magistral.
“Infinite Figure” é a primeira canção onde o recado é que teremos dinâmica e energia acima do normal. Mais orgânica, a faixa traz características do rock besuntada num pop requintado. Enquanto isso, “Curtain Call” chega com elementos acústicos e arranjos eruditos.
O indie rock pede passagem em “Future In A Past Life”, com guitarras certeiras, um baixo que pulsa na medida certa e a bateria enérgica. Mas, o mais bacana é a veia progressiva que a composição apresenta. Tudo contrastando com o pop psicodélico de “Into Shadow”, onde incrivelmente a identidade é mantida, mesmo diante de tanta distinção entre as faixas. Aliás, essa é bem eletrônica.
“Pattern Of Motions” revela que, além do foco principal do disco, Carey Clayton também conhece o caminho do dream-pop. E, fechando a primeira metade do trabalho, “Concentric Circles” parece resumir tudo o que se passou até então, com um trabalho de sintetizadores e cordas primordiais.
“The Gate” resgata um pouco do indie tradicional com sua batida aveludada e vocais agoniados, provando que Clayton consegue também ser versátil no clima das músicas. E não é que o R&B e new age dão as caras na enigmática “Jaws and Vertebrae”? Que música inspiradora!
“One and One is One” parece nos querer mostrar que a segunda metade de “Headless” é mais viajante, com seu teor atmosférico e batidas hipnotizantes. Mas, logo que começa “Self Portraits”, notamos que a versatilidade é o carro chefe do disco. “Mirage” vem e comprova isso, e que música fascinante com seus sintetizadores entorpecentes.
Chegando na reta final dessa viagem sonora inspiradora e reflexiva, “Reflector” é a primeira faixa que revela um trabalho mais voltando para a mescla de vocalizações diferenciadas e percussão versátil, inclusive emulando ritmos étnicos de outros continentes.
Um dos momentos eletrônicos mais preciosos do disco, “All That Surrounds” tem elementos diversos dentro do gênero, mas não perde seu ar neoclássico, com cordas inseridas de uma forma discreta, mas que acaba sendo essencial para a faixa ter toda sua distinção.
E, para fechar o trabalho, Carey Clayton não poderia deixar de fora uma intervenção de indie folk, onde ele prova mais uma vez que sabe muito bem como contrastar. Ao mesmo tempo em que traz mais elementos orgânicos (sem dispensar os sintetizadores de fundo), em sua faixa de menor poluição sonora, ele insere o trabalho vocal mais enérgico do disco! Simplesmente maravilhoso! Um encerramento que não poderia ser melhor e mais cativante, além de entorpecedor.
Aliás, “Headless” é um disco que causa diversas sensações, mas as mais importantes e especiais é o teor reflexivo, hipnotizante e entorpecente, pois além de invadir nossas mentes, consegue também mexer com nossas almas. Ouça o quanto puder!
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