O que funciona como elemento de abre-alas da composição é uma voz masculina de timbre grave e empostado sob um verso denotativamente narrativo, como se estivesse ambientando o ouvinte acerca do cenário a ser explorado. Rapidamente, porém, a atmosfera se transforma para um cadenciado, estimulante e sedutor rap em cujo beat surge preciso, mas, também, agradavelmente fluido. Com lirismo agora desenhado por outra voz masculina, mas de tom mais ameno, a canção acaba, de forma interessante e quase cômica, contextualizando personagens e a atmosfera criada no seriado estrelado por Will Smith, The Prince Of Bel-Air. Nesse ínterim, Such Potential é agraciada por linhas groovadas vindas de um baixo que deixam a base melódica sensual e saliente.
Nascendo de maneira curiosamente dramática, a canção, agora, é puxada por uma voz mais grave. Vindo do convidado Kilo Vision, esse tom acaba dando à atmosfera um toque curiosamente urbano, mas que rememora cenários como o das ruas da Filadélfia. O curioso, nesse ínterim, é notar que a sonoridade inserida pela programação deixa Barz não apenas com um viés entorpecente, mas, também, despropositadamente, atordoante. E Vision, com sua crueza, veracidade e intensidade com que pronuncia os versos, auxilia nessas percepções sensitivas.
Inicialmente soando como uma canção de ninar, com sonares tilintantes e um backing vocal de caráter harmônico ao fundo, a presente canção, assim que atinge seu primeiro verso, passa a experienciar uma textura surpreendentemente mais amaciada em relação àquelas das canções anteriores. Inclusive, a estrutura na qual se posiciona sugere um toque mais melodioso que, facilmente, atrai a atenção do ouvinte. Nesse ínterim, Pullin’ Me Back se apresenta como uma canção em que o Cap The Wiseguy acaba pedindo por mais amor e menos ódio ao ouvinte em um notável apelo social.
O teclado puxa a nova introdução com uma textura aveludada e capaz de embriagar o espectador com seu tom brando e levemente adocicado. Ainda que ele seja, de fato o instrumento responsável por chamar o ouvinte para o novo cenário que se anuncia, a canção acaba se afastando levemente dessa percepção de textura aveludada e passa a mergulhar em uma paisagem mais sincopada, ainda que fluida. Em Reflection, o rapper acaba experimentando uma ambiência mais calcada no trap sob um contexto lírico que, como o próprio nome da canção sugere, é mais reflexivo. Introspectiva em certa medida, a composição mostra como a presença de um outro alguém pode mudar as perspectivas sobre a vida e deixar, mais fáceis, as percepções acerca da nossa própria personalidade.
Capture Tha Moment é, sem discussão, um álbum calcado na atmosfera do rap. Ainda assim, a maneira como Cap Tha Wiseguy o compôs não lhe confere brutalidade ou mesmo insinuações de cenários densos e sombrios. Por meio de ambiências brandas, fluidas e até mesmo amaciadas em suas tomadas introspectivas, o rapper explora, líricamente, temas mais intimistas que dizem respeito à convivência em comunidade, mas, também, sobre o conhecimento e a aceitação sobre nossas próprias essências. Tais questões podem ser perceptíveis principalmente no discorrer das quatro primeiras faixas.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-pt/artist/7iIlxmUIXG7UKQ4tkg9OMx
Instagram: https://www.instagram.com/capthawiseguy/