Buko Shane apresenta o seu trabalho mais virtuoso “Pandemic Blues”

Em Helsinki (FIN) existe um grupo que em 2020 soltou o álbum “Old Blues”. Essa banda se chama Buko Shane e, de acordo com sua música, não apenas o blues, mas o folk, o rock progressivo e a música acústica se apresentaram como suas maiores assinaturas. No entanto, Heikki Hänninen (vocais e guitarra), Ville Tolvanen (teclados), Philip Holm (baixo, mandolim e violino) e Joonas Anttila (bateria e percussão) são ainda mais expressivos, pois incursionam também pelo classic rock. O fã de música sofisticada e de bom conteúdo entendeu melhor as qualidades da banda quando, em 2021, saiu o single “I Should Let You Go”, com uma carga mais emotiva.

“Song For Ukraine” e “See That My Grave Is Kept Clean” de 2022 solidificaram de vez a carreira do Buko Shane na cena musical. Quando retornam aos estúdios em 2024, trazem a inspiradíssima “Another Sunday Morning” e “Just Another Band”. Ambos os singles representam uma fase mais madura do quarteto, ou seja, exploram um pouco mais da musicalidade orgânica evidenciando a naturalidade dos acordes de violão, arranjos leves e vocais ainda mais serenos. Isso, evidentemente, serviu de prévia para o lançamento do segundo álbum completo “Pandemic Blues”, lançado pelo Long Lake Studio.

O álbum que foi escrito, gravado e finalizado durante o período da pandemia da COVID-19, possui onze faixas encabeçadas por “Another Sunday Morning”. Como já mencionado, a canção possui clima calmo e inspirado. Sua condução é inteiramente puxada pelos dedilhados do violão, além do vocal em tom grave de Hänninen. Na sequência, surge “Long Winter” como uma extensão melódica da anterior, deixando a primeira parte desse álbum bem homogênea. Aqui, cabe um destaque a mais para o efeito de pedal que desliza ao final da música. Inclusive, a harmonia é bastante presente colocando fluidez na melodia. Eis uma canção perfeita.

Sem cessar a atmosfera, “I Should Let You Go” se apresenta com dedilhados tão orgânicos, que dá para escutar os dedos desfilando sobre as cordas. A música contribui elegantemente para o tema central do álbum, que inspira tanto melancolia como superação. São razões mais que suficientes para o clima. Para quem prefere ouvir para outra finalidade, afinal, a música é uma linguagem universal e passível de várias interpretações, você pode isolar instrumentais de algumas canções e relaxar profundamente. A exemplo de “Just Another Band”, que foi mais um single desse disco, as propriedades sonoras podem surtir efeitos curativos. Dessa forma, deixe a melodia penetrar a sua alma e habitar em seu íntimo.

Na sequência, “See That My Grave Is Kept Clean” que é uma canção de Blind Lemon Jefferson, recebe uma roupagem composta por Hänninen que ficou mais cativante. Embora o disco esteja repleto de músicas semi-acústicas, esta recebeu um trato mais cadenciado se distinguindo abruptamente da versão original. Depois da linda viagem de “See That My Grave Is Kept Clean”, outra viagem nominada como “For Nick” amplia o trajeto. Esta, porém, se define pela beleza dos acordes de violão. Para dar um ar mais charmoso, uma cama de teclado se estende pela duração levando modernidade.

A voz marcante de Hänninen retorna em “My Old Companion”, mas não é só isso. Todo o experimentalismo e melodia das cordas também estão. Neste álbum, essa música em comparação a outras de sua autoria, possui um andamento bem mais compassado. Portanto, eis aqui mais uma prova da versatilidade do Buko Shane. Agora, se o que procura é algo ainda mais psicodélico, prepare-se para receber a energia de “The Ride”. Sem dúvida nenhuma, esta que é a faixa mais extensa do álbum, é capaz de te hipnotizar por mais de cinco “intermináveis” minutos.

Em “Static Laziness” o clima também é soturno, mas as notas de metais são o que divide atenção com a parte cantada. Em conformidade ao título, a música quase entra em estado de coma. Isso é mais uma coisa que reflete nos diversos sentimentos gerados pela pandemia, como tristeza, melancolia e até depressão. Mas a alegria, sensação de vitória ou mesmo de estar vivo também renasceram nos últimos anos. Para brindar a sobrevivência, uma música como “California (In My Dreams Again)” é a melhor que podemos destacar no álbum. Observe como o seu andamento é um pouco mais pulsante e complexo,

Para finalizar, “Son My Sun” chega como se fosse a citação de um epílogo ao fechamento das cortinas. Um verdadeiro hino com belos arranjos, cuja melodia atrai diversos sentimentos e, ao final, se despede. Sem dúvida nenhuma, a banda Buko Shane mostra aqui o seu divisor de águas. “Pandemic Blues” é o que existe de mais diferente e maduro em sua, ainda curta, discografia. No entanto, mostra às pessoas como evoluir através da música. Embora o álbum tenha um tema central, não se trata de um trabalho conceitual, nem uma opera rock, mas aqui você encontra a mesma atmosfera.

Ouça “Pandemic Blues” pelo Spotify:

Saiba mais em:

https://www.facebook.com/bukoshane

https://bukoshane.bandcamp.com

https://www.youtube.com/channel/UC4Iy0JH3gA2_3zkeJLdQ9lQ

https://www.instagram.com/bukoshane

Digite o que você está procurando!