Autodescoberta é tema de álbum experimental de Chris Portka

Baterista de grunge noventista, além de tocador de barzinhos pela Bay Area, em São Francisco, Califórnia, e integrante do grupo Al Harper Band, Chris Portka teve alguns problemas antes de conseguir lançar esse seu disco. Chris foi contido por uma ansiedade paralisante que silenciou sua voz. Aos 31 anos, ele empreendeu uma odisseia transformadora de cinco anos através da terapia do movimento da voz, gradualmente desbloqueando a alegria e o poder da sua própria voz.

Talvez isso tenha despertado essa energia incessante do qual podemos notar neste trabalho, que foi lançado em vinil. Intitulado “Trash Music”, o trabalho tem o nome de uma definição que o próprio artista deu ao seu som. E, ao ouvir o disco, constatamos o porque ele opta por essa descrição um tanto quanto debochada e que nada a ver tem com o estilo descendente do heavy metal.

Estamos diante de um trabalho onde o artista une todas as suas influências a um aspecto experimental bem interessante, mas complexo e que nos exige atenção para ser entendido. Com elementos do industrial, grunge e noise music, além de alguns momentos de neo folk, Portka entrega um trabalho que não tem veia comercial, pelo contrário, soa o mais honesto possível.

Nele, o ouvinte irá se deparar com alguns barulhos desconexos que exalam pequenas melodias, que lutam para transparecer e meio ao caos sonoro. Em alguns momentos, ele cai novamente em suas raízes e dentro da normalidade entrega algumas canções onde o folk moderno pede passagem.

Em meio a seus experimentalismos, que dificilmente passam dos 2 minutos, Chris insere um violão certeiro e melodias interessantes, como em ‘dream factory’, uma faixa empoeirada, com levada descontraída e interpretação sarcástica. Com uma mescla de acústico e elétrico, a faixa encanta pela sua naturalidade.

Já “we’re in this together” é um noise que daria orgulho ao Sonic Youth, provando que o artista sabe muito bem onde pisa. A faixa demora um pouco mais pra ser assimilada, mas assim que compreendida, chama bastante atenção. E, finalizando os destaques, temos “let’s go play today”, que fecha o disco com chave de ouro. Mais próxima do folk tradicional, a música ganha um violão certeiro, percussão orgânica e um piano que faz a grande diferença junto com a interpretação de Chris.

Nas letras, Chris investiga conflitos subconscientes em sua busca contínua por autoaceitação, o que parece casar perfeitamente com a proposta sonora do álbum. Um deleite aos fãs da boa esquisitice.

https://cportka.bandcamp.com/album/trash-music

https://www.instagram.com/_c.lp_/

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