É interessante perceber certa ousadia na forma como o álbum é iniciado. De maneira a conseguir misturar equilibradamente noções curiosas de swing e ludicidade, a composição de abertura leva o ouvinte para um ambiente repleto de sensualidade. Porém, essa sensualidade, de forma alguma, vem deleitada em sensos propriamente sexuais. Afinal, aqui essa qualidade vem como artifício usado para salientar a noção de maciez perante o movimento sonoro construído. Se mostrando contagiantemente dançante, Disco Swing, como seu próprio nome sugere, convida o espectador a mergulhar em um universo em que a paisagem estética da disco music se funde ao swing, o qual, aqui, é engrandecido pela postura saliente e acentuada do groove do baixo. Claro que, inevitavelmente, a voz afinada e empostada de Wolfgang Lohr acaba contribuindo para o amadurecimento desse aspecto.
Curiosamente, o amanhecer dessa nova canção oferece ao ouvinte uma nova e inédita percepção estética. Pela maneira como a cadência do piano se combina com os lapsos de vivacidade fornecidos pelas pronúncias estridentes do time de instrumentos de sopro, o jazz parece fazer parte de forma assídua dessa paisagem sonora. Mantendo o caráter sensual de postura afiada, Don’t Drink & Jive, no entanto, desmentindo aquela interpretação anterior, enfatiza ao ouvinte que, o que de fato acontece, é a experimentação de um contexto mais vivo e sensualmente libidinoso à disco music. Afinal, o trompete e o saxofone posicionados de maneira uníssona fazem com que a obra oferte ao espectador uma alegria interessantemente entorpecente através de um viés latino que funde nuances tanto do merengue quanto da salsa em seu cenário sonoro.
Mantendo a mesma receita estrutural da faixa anterior, a qual recebeu participação de Glenn Gastby, a presente obra, por meio da interação de nomes como Tamela D’Amico e Ashley Slater no enredo lírico, acabam, de certa forma, engrandecendo o viés de sensualidade. Salientada por um refrão em que a ênfase está em um verso monossilábico e quase onomatopeico, Boring 20’s, surpreendentemente, deixa transpirar uma vertente melancólica que rouba, mesmo que suavemente, a vivacidade de sua cenografia sensorialmente enérgica.
Como em um efeito fade out, a canção vai gradativamente tomando forma ao passo que já consegue enfatizar a sua natureza vívida e ativa. De base rítmica que flerta curiosamente com a paisagem eletrônica da house music, a presente composição, sem qualquer esforço, consegue instigar e convidar o ouvinte a dançar ou, ao menos, mexer o corpo. Com um padrão estético charmosamente retro, Think Twice, quanto mais se desenvolve, mais deixa clara a sua fusão estética em relação à paisagem eletrônica.
É difícil falar de um álbum cheio de camadas como esse sem escorregar no perigo de falhar em alguns apontamentos. Por isso, é importante ressaltar, antes, a importância das quatro primeiras faixas da track list na construção de uma imagem musicalmente consistente. Afinal, elas, por si só, mostram que The Lohring 20’s é um material plural. Claro que ele, a partir de sua proposta disco, salienta a fusão dessa paisagem estética em relação ao swing, mas, ainda assim, ele não se limita a esse único gênero musical.

Conforme se desenvolve, o material vai fornecendo um clima de festa, de azaração. Um clima quente e transpirante que, inclusive, se vale pelas incursões de temáticas latinas que o auxiliam na acentuação de sua essência sensual, a qual, em algumas vezes, fica tão latente que chega a beirar a libido de maneira bastante ardente.
Cheio de frescor e musicalidade, portanto, The Lohring 20’s, enquanto garante para si a imagem de uma compilação de canções que o torna uma espécie de tributo à disco music, se aventura em outras paisagens estéticas. Flertando com o jazz e atravessando os terrenos latinos da salsa e do merengue, o álbum ainda se destaca por fornecer interessantes bases calcadas na esfera da música eletrônica, aqui tendo a house music como sua principal representação.
Não é difícil, portanto, que o álbum encante o espectador. O mais notável é que ele, com sua vasta pluralidade, consegue atrair pessoas de diferentes vertentes musicais para o seu próprio universo. A partir desse detalhe, The Lohring 20’s reforça não apenas a sua versatilidade, mas traz, também, a prova da sensibilidade musical do produtor alemão Wolfgang Lohr.
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