O amor. Ah, o amor! Há sentimento tão maravilho quanto este? Tenho certeza que você já sentiu/sente amor por outra pessoa, e, sim, me refiro àquele que arde sem se ver, de faltar fôlego, de paixão avassaladora, de imaginar momentos em segredo, pintar um futuro e quem sabe, tornar este relacionamento algo mais sério. E como tudo começa? Com emoção, desejo, beijos, abraços, encontros, planos…vamos lá!
Ann Marie Nacchio, artista versátil baseada em Staten Island, Estados Unidos, canta, compõe, toca; pronta para a arte! “it’s been a day, a week, a month, a year”, recente EP de Ann e lançamento seguinte ao álbum de estreia, “Little Dangers”, é o primeiro de 2 EPs no projeto conceitual “The Outward Spiral”. O trabalho de 7 faixas traz canções que passeiam por gêneros e são entregues com muita emoção, além, é claro, de trazer uma tessitura vocal envolvente, doce e brilhante de Ann Marie, com toques de personalidade e fervor.
“Kismet”, faixa que abre a coleção, nos fala sobre a frieza com que muitos lidam com seus relacionamentos. Destino, desejo; como lidar com situações das quais não temos controle? Uma performance que abre com intensidade a apresentação. E embora a voz da artista acompanhe o lirismo com seu timbre delicado, há uma carga emocional neste ambiente, grande, que nos carrega entre sintetizadores e texturas sombrias, uma batida mais profunda e teclas que deixam uma marca sentimental relevante. No passo que ela fala da frieza, transparece toda vontade de dizer o quanto almeja que o cenário seja diferente entre estes dois mundos. Uma canção que nos conta que o que vem a seguir, reflete uma história de amor daquelas em que tudo arde acentuadamente.
“Maybe” descreve um quadro, dentro do que poderia acontecer entre duas pessoas apaixonadas, como construir um lar e as pequenas circunstâncias de uma vida juntos. E como não podemos prever o que acontece a seguir, dentro de qualquer relacionamento, será sempre uma ilha a ser descoberta, com detalhes que ou nos agradam, ou nos decepcionam, embora o amor esteja lá. “Maybe” é uma marcha, um encontro entre teclas doces e metais glamourosos, cheios de veemência que se juntam ao colorido das flautas. Ann Marie mantém a serenidade, mas aparece incisiva quando necessário, equilibrando o tom apaixonado com sua delicadeza.
“Loose-Lipped Love” insere guitarras poderosas em uma harmonia carregada de sensualidade, mais pesada, para nos descrever que a paixão inicial nos leva para um território de sentimentos à flor da pele. “…quando ela ama nunca é pela metade…”. A linha de baixo colabora com o clima meia luz, a batida acompanha a base de maneira lenta e para arrematar, os vocais trabalham para transparecer a atmosfera de sentimentos obsessivos e uma necessidade em estar com o outro, como todo grande romance incandescente começa. Faixa simplesmente sensacional. Equilibra e constrói uma harmonia que traduz exatamente o que o lirismo pretende: mostrar as emoções provocadas por uma grande paixão.
“Dead Flowers” é o ponto em que a relação se vê sem um futuro convincente, ou mesmo, não há um. Ainda que a faixa repita que “flores mortas são tudo que você me deu”, declaradamente, o trecho serve para nos contar que é sim um sentimento bonito, o que ambos sentem, mas que não vingará se não houver uma chance, ou seja, que os dois desejem que aconteça. Teclas combinam com riffs mais intimistas e embora haja uma melancolia explícita no ar, sentimos que brota uma esperança lá no fundo, com os vocais de apoio e mais à frente, com a batida dinâmica e a força que surge na voz da artista, equilibrando a performance. Aqui nossa personagem respira triste, mas seu maior desejo é que exista uma chance.
“Manic”, uma das etapas mais aceleradas do EP, nos brinda com uma batida rápida e guitarras expressivas, enquanto acompanha a velocidade da letra. Base rítmica bem pop rock para nos contar que as circunstâncias diárias estão apagando aquela chama inicial e que algo não vai bem no ambiente. Um desenho sonoro com a carinha dos anos 90/2000 para espíritos inquietos e jovens, que desejam arriscar e viver tudo com mais intensidade, e claro, trazer essa energia para dentro do relacionamento. Aqui as guitarras e a bateria são as donas da harmonia. Os vocais de Ann Marie, tão potentes quanto delicados, fazem coro com as vozes de apoio. Se é possível dançar? Do início ao fim!
“Friend” traz uma melodia incrível. Uma atmosfera que permite o deslizar de um tocante cello e as acentuadas teclas do piano. Sem contar na força que vem da alma, na sincera entrega de Ann Marie. “Friend” descreve, em alguns versos, o que define a intenção da coleção: “amar é um verbo, é muito mais que uma palavra… Poderia ser uma razão para viver, ou uma razão para morrer”. É uma faixa que mistura jazz com sentimentos dilacerantes, e corta o coração, mas no mesmo passo oferece beleza. As cordas dominam a cena, enquanto a cantora nos convence de que em seu coração bate um único desejo: ter o amado por completo.
“17 Days” nos fala sobre a saudade. A falta que ela sente quando o amado viaja e nos descreve que tem 17 formas de amar em 17 dias. Conta o tempo de modo que isso a consome e permite que sinta certa angústia. A faixa encerra a coleção, sendo a mais longa das sete canções e ainda que traga uma letra de sentimentos fortes, sua melodia de vigorosos dedilhados carrega uma luz, justamente para nos fazer perceber que é amor de verdade e tudo que o acompanha. Batidas e metais iluminam o espaço e há uma alegria na apresentação da artista, adorável.
Ann Marie Nacchio nos diz que amar é um verbo. Ela capta experiências para trazer ao mundo da música e da arte, os melhores e piores sentimentos que possuímos quando estamos apaixonados. É uma montanha-russa. Mas tenho certeza que qualquer um adora se aventurar, mesmo correndo o risco de sentir medo, aflição e alguma tristeza. Como saber sem tentar? E amar nem sempre será um paraíso. Tem seus altos e baixos. E talvez por isso seja a coisa mais linda que podemos fazer. Amar.
Ouça e sinta, neste instante, o brilhante e comovente EP “it’s been a day, a week, a month, a year”, de Ann Marie Nacchio. Boa audição.
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