A levada rítmica já se mostra estruturalmente dura. Ainda assim, essa parece ser a verdadeira intenção do 9 O’Clock Nasty. Isso porque quanto mais a música se desenvolve, mesmo que ainda durante a introdução, a sonoridade vai sendo preenchida por nuances melódicas levemente tremulantes que encarnam uma natureza embrionariamente estridente capaz de, gradativamente, envolver o espectador em uma espécie de nascente estado hipnótico.
Rapidamente, porém, o primeiro verso se inicia. Durante esse período sonoro-narrativo, o ouvinte é colocado em contato com uma estrutura verbal cujas pronúncias pincelar na atmosfera interessantes incursões raps que criam um tempero mais sincopado à atmosfera. Groovada, pulsante e com interessantes flertes de sensualidade, a canção, a partir dessa constatação, acaba por evidenciar, descaradamente, a sua natureza estrutural.
Caminhando por entre o terreno da disco music, gênero musical destacado através do compasso do teclado em união aos pulsos da bateria e o groove do baixo, a canção surpreende o ouvinte por fornecer energias ousadamente sombrias à atmosfera. Isso acaba contribuindo de maneira simétrica com a proposta do enredo lírico. Afinal, em People Pleaser, o 9 O’Clock Nasty cria uma estética propositadamente desagradável para tratar de temas como hedonismo e morte, ao passo que, surpreendentemente, consegue limpar a alma do espectador.
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