É interessante e até mesmo admirável quando uma canção já tem seu início regido por um instrumental maduro. É exatamente isso o que a presente canção oferece ao espectador. Além de uma camada de groove encorpada e bem trabalhada, tal despertar vem embebido em uma maciez capaz de entorpecer o ouvinte com notável facilidade. Entre uma guitarra de frases suspirantes, o espectador consegue até se deparar com flertes estruturais para com a cenografia do reggae.
É esse detalhe que dá à composição nuances extras de sensualidade, o que, consequentemente, acaba desencadeando em uma movimentação rítmico-melódica agradavelmente fluida. O interessante é notar que, nesse ínterim, a canção passa a ser agraciada por tomadas sonoras eletrônicas que fazem com que o espectador vivencie ecossistemas que vão desde um embrionário sci-fi a um estado de psicodelia crescente.

Se valendo de uma delicadeza conjuntural, a faixa, assim que o primeiro verso se inicia e o enredo lírico passa a ser narrado por uma voz de caráter agridoce, a canção se permite, inclusive, ofertar pitadas de uma dramaticidade pungente que engrandece em demasia a experiência sensorial sugerida para o ouvinte. Ela, a partir do auxílio do conteúdo verbal, consegue despertar o máximo lapso de vulnerabilidade por trazer, consigo, uma mensagem atual e urgente. Afinal, High On The Richter Scale, sob uma roupagem que beira o épico, soa como se o Graydons estivesse aprofundando a audiência em um ambiente sombrio e futurista.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/0uubTxB77vp5M7g34uTUZr