Bernhard Hollinge apresenta mais um pouco do seu estilo sensorial em “1987”

Estamos diante de um artista cujos predicados são muitos. Bernhard Hollinger é um alemão de Berlim que transforma sonhos e ideias em música, mas também trabalha com outras linguagens de expressão. Íntimo do contrabaixo, Hollinger conquistou prêmios ligados à música de improviso, além de dominar estilos como jazz, música eletrônica, música ambiente e outros. Sua mente inquieta possibilitou o lançamento de “1987”, álbum que promove uma boa experiência sonora a quem pretende sair da mesmice. Este trabalho possui complexidades ligadas ao cinema, pois é uma mistura de som cativante e ao mesmo tempo densa. Aos amantes do experimentalismo e da vanguarda, esse disco conquistará o seu respeito.

Hollinger busca nas cinco faixas desse disco, prender a sua atenção com diversos fatores sempre usando o baixo como fio condutor e elementos sonoros como adornos. Essas ornamentações podem vir tanto com instrumentos elétricos, como outros recursos que acabam dando vida às suas ideias. Dessa maneira, Bernhard conseguiu não apenas excursionar com outros artistas, como formulou a própria carreira. Por conseguinte, o músico viajou por vários lugares do mundo levando a sua virtuose e compromisso profissional aos entusiastas da música psicodélica e abstrata. “1987” é uma produção independente e, para alguns, pode até ser ousado.

Sobre os trabalhos e excursões que Hollinger fez ao longo da carreira, o artista já liderou bandas, mas também já cedeu o seu talento a outros nomes. Além desse fato, o alemão fez turnê em carreira solo. Entre os principais feitos, destaca-se participação no “Concertgebouw”, em Amsterdã (HOL), onde sua banda abriu para Christian Scott. Depois disso percorreu por mais países da Europa. O baixista também esteve aqui na América do Sul como elenco do “La Serena Jazz” no Chile, dividindo palco com Lee Ritenour e Christian Galvez. Outros lugares que conheceram a sua obra foram Japão e EUA.

Agora, destrinchando o álbum “1987”, este é um lançamento da Boomslang Records. A inspiração para esse projeto veio dos sonhos gerados pelo subconsciente. Podemos dizer que seu tutor indireto foi David Lynch, pois a partir do filme “Twin Peaks”, Hollinger chegou à decisão de compor esse álbum. A primeira música, “Fly”, aponta a um trabalho introspectivo, porém rico em sonoridade. Os primeiros momentos são tímidos, mas logo deslancham em uma execução clássica e épica. Esses primeiros momentos nos reportam a uma obra psicodélica onde a condução do ritmo é delicada, porém impactante. O disco já começa assim com essa leitura virtuosa fabulosa.

Passando para a segunda faixa, ela se chama “Through the Darkness of Future Past, No More Dark, Through”. Essa possui uma estrutura sensorial mais expansiva e os seus mais de sete minutos de duração começam com uma caixinha de bailarina tocando “Over the Rainbow”. Instantes depois, um show de experimentos se alastra pela bela música tomando forma e personalidade. Nessa faixa existe muita tensão, pouca melodia e muito ruído. Talvez seja esse o motivo que nos faz despertar para um novo horizonte. É realmente perturbador você escutar uma caixinha musical tocando o tema de “O Mágico de Oz” para depois se tornar em um clima de medo e tensão.

A execução seguinte, “I Just Don’t Know”, qase cai também em uma estridência desvairada, mas a pequena música possui alguma coisa de melodia mesmo o compasso saindo de linha propositalmente. Aqui é como se uma banda de jazz passasse o som antes de entrar em cena. De todo jeito, as batidas nos envolve e nos empolga, assim como os elementos sonoros que parecem explodir de algum recipiente lacrado. Em meio a toda euforia descompassada, é possível percebermos em algum momento notas de cadenciamento em um trecho bem confluente.

Em “Winter Melody” o autor nos presenteia com uma bela serenata de metais. Uma textura suave com ritmo delicado traduzem essa faixa. Durante a embriagante performance, é possível sentir a evolução que Hollinger faz questão de mostrar em todas as músicas desse álbum: uma espécie de ‘dégradé’ onde a audição começa tímida e mais à frente explode. Isso são técnicas bem-feitas que comunica a nós emoções opostas ou paradoxais. “1987” é um álbum versátil e suas nuances são percebidas por ouvidos sensíveis, pois não basta apenas escutar, tem que senti-lo. Se você não é acostumado a esse tipo de som, talvez relute um pouco na primeira audição, mas com certeza se abrirá depois.

Para finalizar esse menu de sensações, a música “Sleeping Tapes” surge como se erguesse de uma duna de areia. Um clima mais aberto libera doçura do sopro enquanto a cozinha enlouquece em batidas épicas. Eis aqui uma verdadeira miscelânea de sentimentos alavancada dessa melodia. Mas do jeito que ela surge das dunas ela se põe ao mar deixando para trás um rastro de cores, flores e mel como em um sonho. Não preciso dizer que você deve ouvir isso, correto? Se for sensato já corre em tua plataforma digital preferida.

Ouça “1987” pelo Spotify:

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