Não é apenas um onírico com viés transcendental. Existe, através das nuances sonoras da introdução, um caráter dramático que beira o etéreo. Promovendo, a partir daí, uma postura introspectiva, a canção logo recebe uma voz feminina grave de base aguda moldando o enredo lírico. Evidenciando a ausência de um amanhecer tradicional, Rebecca Anderson se apresenta na companhia de backing vocals cuja harmonia criada proporciona um caráter espirituoso.
Destacando um caráter delicado, a cantora vai tornando a atmosfera em um ambiente cada vez mais introspectivo. Quase como se fosse ambientada no interior do inconsciente da própria cantora, a canção consegue caminhar com agradável versatilidade entre o mundo real e o imaginário. Criando, assim, um interessante contraponto entre consciência e fantasia, não é uma atividade difícil a percepção de nuances entorpecentes flutuando pela superfície da obra, as quais são fomentadas por um instrumental denotativamente frágil.
Surpreendendo toda e qualquer expectativa, o que acontece é que a canção flui para uma ambiência em que o beat sincopado se torna não apenas o guia da cadência sonora, mas o elemento que transforma a obra em um trap de natureza etérea e espiritual. Oferecendo, ainda, uma sensualidade despropositada, In The Beginning se arregimenta como uma composição em que Rebecca dialoga sobre os meses em que esteve em uma solidão voluntária. Período esse em que se dedicou à meditação, rezas e na busca por inspirações divinas.
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