Não existe outra forma de descrever a introdução da composição a não ser começando pela maneira com que o beat se apresenta. Firme, preciso e pulsante em sua estética ligeiramente quebrada, ele é simultaneamente acompanhado por um coro que se coloca em cena por meio daquilo que parece ser urros de ordem.
Entre sonoridades sintéticas que proporcionam à atmosfera um sabor levemente azedo, a canção acaba fazendo com que o ouvinte identifique, através de sua desenvoltura, nuances carregadas de um toque funkeado. Porém, é no instante em que Martone se coloca no cenário através de seu timbre ligeiramente grave e de natureza empostada que a composição evidencia, de maneira mais transparente, a sua verdadeira identidade.
Se tornando ao mesmo tempo sensual e provocante, é importante destacar que, apesar de transpirar influências da música afro através de sua estrutura, a composição tem, em sua base, a house music como uma espécie de guia musical. Ainda assim, Chocolate (Drumapella Mix) não tem uma arquitetura dançante, mas é capaz de ser atraente, provocante e, até de certa forma, ardente.
Com seu arranjo rítmico linear e uma linha lírica no formato lexicalmente narrativo, a obra traz a intenção de Martone em continuar extrapolando os limites do experimentalismo. Em sua nova faixa, ainda, sua criatividade musical acabou fazendo com que a comunidade LGBTQiA+ se sentisse não apenas representada, de alguma forma, mas, principalmente, empoderada.
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