É interessante observar como, desde seu início imediato, a canção é capaz de exortar uma crueza lenta através de uma paisagem calcada no blues. Agraciada por surpreendentes flertes com a temática do doom, a obra se destaca por não ser abraçada por uma introdução padrão e gradativa. Afinal, sem demora ela já recebe a presença de uma voz feminina preenchendo o escopo lírico.
Favorecendo, a partir de então, o nascimento do primeiro verso, esse timbre vem embebido em uma postura entorpecente, mas, curiosa e simultaneamente, rascante e visceral. Explorando harmonias brandas capazes de tirar o ouvinte de sua capacidade de manter a lucidez, enquanto, ao mesmo tempo, instiga uma cenografia curiosamente sombria, a faixa vai amadurecendo diante de uma levada rítmica bem marcada em seu andamento lento e de um baixo de groove encorpado, mas ligeiramente ácido.
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Conforme vai dando novas silhuetas ao enredo lírico, a cantora acaba fazendo com que o ouvinte enxergue, em seu timbre, uma ligeira semelhança para com aquele de Lzzy Hale. Por meio dele e de sua interpretação um tanto intimista, em união às sonoridades experimentadas, a obra acaba garantindo para si não apenas um clima sombrio, mas, sim, aterrorizante. É como se a faixa fosse capaz de fazer o ouvinte vivenciar o mais íntimo e desconhecido de sua própria fragilidade. Deteriorate, portanto, funciona como o retrato de uma turbulenta cidade deserta.
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