O ano de 2024 traz muita coisa legal no mundo da música. Agora, em sua reta final, eis que aparece o novo álbum de Mike Reinstein, “The Birds Don’t Sing Around Here”. Um lançamento imerso no pop tradicional e folk, cuja instrumentação é composta por um número generoso de pessoas talentosas. Para dar vida às composições sempre inteligentes de Mike, estão Tim Wade (trombone), Lee Humber (bateria), Mick O’Connor (guitarras) e Reina James-Reinstein (voz e teclados), além de Barry Wickens (violino), Mickey Ball (trompete), Kate Hogg (sax) e Joss Peach (piano). Com isso, você pode acreditar na qualidade refinada deste quarto disco.
O trabalho lindo e delicado possui treze faixas encabeçadas por “A Service We’re Glad To Provide”. Neste virtuoso objeto de melodia lançado pelo selo Irregular Records, a dissertação sobre um mundo desgastado ganha críticas radicais, mas com toque de suavidade. Lembrando que tais apelos não são exclusividades desta primeira música, mas sim, de todo o álbum. O estilo clássico adotado por Reinstein apresenta o afloramento de vários sentimentos, tais como raiva, ternura e perseverança. As expressões mais marcantes, no entanto, formam um lindo contraste com climas voláteis arranjados pelos profissionais supracitados. Com essa atmosfera complexa e, ao mesmo tempo harmônica, segue o show.
E o espetáculo continua mesmo com “A Day Of Darkness”. Um tema melancólico, uma música de textura aveludada, embora muito poderosa. Seu poder, no entanto, remete ao autocontrole, uma forma de sentar, meditar e respirar. Esta é uma das canções menos complexas, porém penetrante com sua melodia. A sessão ternura, de maneira idêntica, segue com “Best Men”, mais uma cantiga perfeita com climas leves. Contudo, algumas divisões levam a música a uma certa pulsação, mas no geral a terceira faixa do álbum é bem diversificada. O destaque, claro, vai para execução de violino com toda a sua divindade.
Entre o universo musical que Mike criou para as suas criações, a canção “The Human Race” se destaca por um ritmo folk que encanta. Batidas leves de violão, além de um solo simplista deste instrumento, revelam alguns dos destaques. Por conseguinte, o andamento cadenciado e sereno, fazem o melhor suporte. Para dar sequência, o violino chega mais uma vez fazendo cama para algo que, mais à frente, deságua em uma gangorra cheia de empolgação e equilíbrio harmônico. É interessante ver como Mike põe na balança cada acorde, cada melodia vocal e na hora de disparar consegue coerência harmônica.
No disco há algumas canções como “They’re Never Gonna Get Me Down”, possuem uma vibe bem setentista com teclados timbrados no Hammond, além da condução destacar uma pegada cadenciada tranquilizadora. Ainda no combo, alguns solos introspectivos de guitarra, inserem mais charme nesta música que poderia ser um bom single para rádios. Em contrapartida, “Only Disconnect” poderia servir de epitáfio para alguma série da Netflix. O seu clima soturno é tão evidente que parece os finais de episódios épicos.
Já, “Our Utopia” também possui um pouco dessa magia cinematográfica, mas inclinada a um roteiro mais cativante. Seja, romance, ficção ou até mesmo aventura, você pode fazer um garimpo pelo álbum e encontrar o que procura. Nas músicas que destacam mais a voz e violão como em “The Birds Don’t Sing Around Here”, aquele charme já mencionado aqui outras vezes comanda o despertar de seu interesse pela fineza dos acordes. Se bem que, coisa fina, é o que Mike mais compõe desde os seus primórdios na música. Sendo assim, o seu público é mais exigente, mas não cobra tanto, pois sabe que sempre recebe do músico o que ele quer ver. Ou seja, boa música, conteúdo lírico agregador e uma produção impecável.
Se músicas destacando a voz e violão são a cara da fineza, o que dizer de músicas com voz e piano? Não há nada para vir à mente menos que elegância, correto? “Looking For A Loophole”, por sinal, é uma dessas que exala garbo e elegância. Aqui o clima se encosta nos musicais, onde o narrador deslisa sobre o roteiro em movimentos nada improvisados. Nesta música, Mike é meio que este narrador tentando emocionar a todos no teatro. O piano, no entanto, faz a sua trilha sonora. Tudo isso se arremessa calmamente em “Gagged and Bound”, com bela melodia vocal e performance de sax.
A última dobradinha do álbum se inicia com “The Journey Of The Heart”, uma ótima canção em estilo ska que nos remete às festas de reggae. Ela também é uma das músicas mais cativantes do disco, com destaque à performance dos metais e ao clima praiano gostoso. E, para terminar, “The Mother’s Song” faz uma relação com ritmo latino que até combina com a anterior. No entanto, o movimento dos atabaques nesta última execução traz um gostinho tribal à bela canção. Resumindo toda essa arte, “The Birds Don’t Sing Around Here” é um canalizador de energias, alegrias e conforto.
Ouça “The Birds Don’t Sing Around Here” pelo Spotify:
Saiba mais em: