Superposition! | Storm Boy lança EP em que se sentem fora de sintonia

O baixo, com seu viés estridente e sujo, é o elemento que puxa a introdução já ilustrando uma madura imersão no campo do stoner rock. Assim que a bateria assume seu posto na base melódica, a canção passa a assumir uma fluidez que tangencia com a movimentação ofertada pela guitarra. Ainda assim, a forma como a distorção desse instrumento se pronuncia dá ao ambiente um quê de sombrio e assustador que incita a curiosidade do ouvinte. Ligeiramente dissonante, a canção causa um impacto levemente desconfortável que é amplificado pela voz rasgada e aguda do vocalista. Nesse aspecto, é interessante notar como, em Instrument, o cantor traz, em sua cadência lírica, influências diretas da forma como Anthony Kiedis pronuncia os versos nas canções do Red Hot Chili Peppers.

Mais elétrica, ácida e rascante que a canção anterior graças à maneira como a guitarra desenha a melodia introdutória, a nova atmosfera traz um grau elevado de energia e excitação que contagia o ouvinte. Mantendo a estridência como uma espécie de carro-chefe da estética sonora, Smiling Betty traz consigo um curioso senso de sensualidade que, apesar de agressivo e levemente sombrio, contamina e fervilha o sangue do espectador. Intensa e flertando com um grunge ao estilo daquele experimentado pelo Stone Temple Pilots em seu álbum de estreia, a canção é marcada pela precisão estrutural e pela distorção afiada dos instrumentos de corda.

É preciso dizer que a maneira como o EP foi construído dá ao ouvinte a perfeita capacidade de identificar toda a essência do material já através das duas primeiras canções. Intenso, ácido, sujo e estridente, o produto caminha pelas searas do grunge e do stoner rock com grande versatilidade e limpeza estética. Imponente, ele consegue ser agressivo e incisivo de forma bastante equilibrada.