Morning Scars | The Stolen Moans lança single que fala em tom de resiliência

O céu é noturno, mas sem vento ou menção de tempestade. Apenas o seu tom de preto profundo que ausenta qualquer menção de luz natural, mesmo aquela vinda do luar. Perto do escampado, um castelo é avistado com apenas uma luz acesa em uma de suas torres. Lá, o clima sombrio impera. É quase como se o som uivante do vento que perambula pelas escadarias vazias funcionasse como o prelúdio de um acontecimento trágico.

Esse cenário, ainda que imagético, é fortalecido pela sonoridade tenebrosa desenhada durante a introdução. Hipnótica por meio de seus elementos sintéticos repetitivos, tal amanhecer é preenchido por um toque melódico orgânico capaz de rememorar a atmosfera sonora desenhada pelas canções do Audioslave. Ainda que essa percepção exista, a canção logo trata de afastá-la por meio de seu primeiro refrão.

Nele, a canção assume tons pegajosamente sombrios e assustadores em meio à sua paisagem lírica cuja interpretação é embebida em uma estética gótica latente. Muito disso é em virtude da união entre as vozes presentes na seara lírica. O agudo feminino com o grave masculino dividindo o mesmo espaço causa um senso de desconforto que, a julgar pela conjuntura estrutural, é algo proposital.

Visceralmente melancólica em certos pontos, Morning Scars é uma canção que, pelo seu cenário sonoro, é indicada como trilha sonora do Halloween. Porém, indo mais profundo em seu enredo lírico, se percebe que ela é uma obra que fala em tom de resiliência e tenta explorar a esperança e o senso de desafio enfrentado pela sociedade estadunidense no auge das eleições presidenciais e da constante luta pelos direitos femininos.