Erik & the Worldly Savages traz sonoridade atemporal e diversificada em novo EP

Em primeira instância, o canadense de Toronto, Erik Mut, é um viajante. Isso já dá uma ideia do que pode ter de versatilidade em sua música. Em 2008 ele se mudou para Belgrado na Sérvia, onde formou o Erik & The Worldly Savages, dando início a esse belíssimo experimento musical.

Enquanto morava em Londres e Belgrado, a banda fez mais de 250 shows em toda a Europa com músicos de vários países. Como expatriado, em 2016 Erik fundou a Support Adventure, uma empresa que oferece empregos remotos a expatriados e nômades digitais, agora com mais de 160 funcionários vivendo em mais de 20 países diferentes, criando uma manifestação empresarial da mensagem de transculturalismo da banda.

Falando em transculturalismo e, também, em multiculturalismo, tudo isso se reflete nas canções do conjunto disponíveis em “Break Free”, novo EP, onde em apenas seis faixas e pouco mais de 25 minutos, eles conseguem transitar por toda essa viagem de Erik, em forma de música boa e popular (no sentido de abrangência).

O mais interessante é que isso fica evidente a partir da primeira audição, onde as canções nos causam uma reação inicial, nos remetendo ao final dos anos 70 e início dos anos 90, quando o Dexter Midnight Runners revolucionava a música, mesclando o folk com a world music, o pop e outros estilos, à época, ‘atuais’.

Isto é, “Break Free” de cara se mostra um trabalho que pode ser enraizado em músicas criadas há 40 anos, mas soa atemporal, como deve ser e como é. A diferença é que a banda não revoluciona nada musicalmente, não se mostra pesunçosa, mas acrescenta, além de trazer temas e questões que a envolvem muito importantes, como a sociedade, seus enfretamentos, lutas e medos, além das disfunções, desigualdade e patologias. Sempre de forma inteligente, com uma abordagem bem particular.

O fato de ter trabalhado com diversos músicos, deu a oportunidade do Erik & The Worldly Savages contar com arranjos riquíssimos e variados em suas canções, mas sem serem complexos aos ouvintes. Claro, que trabalhar nestas seis músicas espetaculares deve ter sido uma tarefa árdua. No entanto, a busca por um resultado que soasse abrangente ao público, valeu a pena, pois são músicas de fácil assimilação e prazerosas de ouvir.

E, apesar dessa abrangência, o novo EP é daqueles trabalhos que a cada audição, além de poder encontrar novos elementos, o ouvinte, pode sentir uma aura diferente, conforme seu humor e disposição. Isto é, “Break Free” é um disco multipolar, onde pode ser despertados diversos sentimentos.

Não seria por menos. Experimente ouvir “Braiwashed”, faixa de abertura diversas vezes. Ela pode parecer uma faixa alegre, assim como um punk de protesto ou até mesmo algo sarcástico. Isso porque seu ritmo envolto a um folk encorpado e frenético da cozinha, pode ser absorvido de diversas formas. A abordagem gira em torno da engenharia social da sociedade, como ela afeta a individualidade e gera mediocridade complacente. Isso é só o começo do trabalho.

“Dry Fear” parece uma balada, mas vai ganhando corpo e se tornando uma faixa com ar maléficos, como se Nick Cave se encontrasse com Bowie, dando um banho de escuridão no camaleão. Um verdadeiro rock com arranjos de horror. Sem dúvidas, a faixa que mais explora os teclados e órgão.

Outro destaque do EP é “Burn My Life”, o carro-chefe do trabalho que saiu inclusive em videoclipe. Nela, Erik & The Worldly Savages entregam um folk rock todo misterioso, com o orgânico encontrando o elétrico e formando uma base maciça e tensa, contando com um refrão forte e pegajoso (no bom sentido).

O clipe de “Burn My Life” traz uma fórmula que virou tendência, como arquivos de fotos e vídeos (VHS) da infância de Erik se alternando com sua performance na canção, enquanto essas imagens queimam. Trata-se de uma metáfora à vida do artista canadense e seu sacrifício em prol da arte e de justiça social. Simplesmente uma ideia sensacional.

Mas, após a audição de um EP que merecia ser um álbum inteiro de tão rico e prazeroso de ouvir, temos que destacar algumas partes individuais. A primeira delas é o trabalho do naipe de metais, presente em praticamente todas as músicas e com um papel importantíssimo, soando como uma verdadeira base e termômetro do trabalho.

A inclusão de instrumentos clássicos como cello e violino também foram fundamentais para enriquecimento das canções, em especial em “Sunshine”, onde enfatizam a melodia e “Class Cage”, ajudando a dar o ar dramático da canção. As linhas vocais de Erik, que não é um show de técnica, mas esbanja equilíbrio e bom senso, também merecem menção, por transitar por diversos humores, soando assim de acordo com os teores que “Break Free” expõe.

“Break Free” é daqueles discos que ficam melhores a cada audição e que tem tudo para envelhecer bem, podendo agradar diversos públicos e várias tribos, pois transita pelo folk, rock, punk e pop, de uma forma atemporal e natural. Vou ali apertar o repeat enquanto você termina de ler aqui.

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