Existe uma linearidade sintética e estridente capaz de promover uma profunda sensação de um estranho êxtase. Na forma de um maduro lo-fi, ele consegue ser alucinógeno em doses quase cavalares, ainda que certos sonares induzam a um fraco recobrar de consciência. Se tornando estranhamente ondulante, a canção, já naquele que parece ser seu primeiro verso, passa a ter a companhia de um beat forte, conciso e bem marcado.
Tentando, com mais força e insistência, devolver a noção da lógica ao espectador mergulhado em uma profunda e inescapável embriaguez, esse mesmo beat, na sua forma aparentemente em 3×4, dá passagem para que outra textura adentre na cena. Estridente e aguda como o raspar da faca sobre a superfície do afiador de facas, ele acaba criando, em meio à curiosa alucinação estruturalmente aveludada, certa compreensão de movimento rítmico.
De base transcendental, mas não espiritual, a faixa proporciona ao ouvinte uma viagem consciente em meio aos cenários maravilhosos e fantásticos do inconsciente. De estrutura arquitetônica instrumentalmente digitalizada, Exospiritual se vale pela experimentação de sons e texturas para criar um elo consistente com o ouvinte. Por meio de sua linearidade estridente, mas também aveludadamente entorpecente e tilintante, esse objetivo é, felizmente, muito bem alcançado.
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