Overthrust, da África, lança o seu intrínseco álbum “Infected By Myth”

O death metal, que é tão presente na América e Europa também possui bons adeptos na África. Em Botswana, na África Ancestral, por exemplo, há uma cena onde bandas como a Overthrust se movimentam pela cidade de Ghanzi, em pleno Deserto do Calaári. A saber, o quarteto já lançou um álbum que se chama “Desecrated Deeds to Decease” (2015) e, logo após, um EP que se chama “Suicide Torment” (2019). Hoje, cinco anos depois, a banda retorna aos estúdios e de lá sai com o álbum “Infected By Myth” gravado. O ‘full-length’ de oito músicas, é um lançamento do selo Indian River Music Company, que compartilhou o disco em todas as plataformas digitais.

A sonoridade não possui peculiaridades, mas agrega muito ao estilo. Com uma inclinada à forma mais tradicional do death metal, a Overthrust absorve facilmente influências de nomes como Morbid Angel, Unleashed, Gorefest etc. Ouça a canção “Fallen Witches” e seja reportado diretamente à década de oitenta, o a vertente ainda era uma descoberta para muitos. Aqui, os riffs são diretor, rasteiros e mortais. De acordo com essa primeira música, deduzimos que o grupo assume uma personalidade mais bruta do que melódica, embora alguns acordes sejam bem harmoniosos. Contudo, a energia se concentra nas palhetadas e no pique extremo da bateria.

Ao falarmos mais sobre a construção sonora da banda, podemos nos deparar com características mais simples, como uso de uma única distorção de guitarra, embora os vocais sejam de um poder animalesco. A exemplo disso, temos músicas como “Infected” com sujeira no timbre de guitarra e poder na entonação vocal. Alguém pode até lembrar do pedal HM-2 da Boss, que por muitos anos foi um formador de caráter no estilo, sobretudo na Suécia. Com apenas duas fases de efeito, o pequeno aparelho deu identidade a nomes como Entombed, Dismember e outros. Por aqui, as distorções também não sofrem variações, mas sempre são regidas por linhas perfeitas.

Como uma boa banda ‘old school’, o groove é uma técnica presente, pois sua alternação com os riffs que, no geral, são bem velozes, acaba por prender mais a atenção do ouvinte, como em “Slaves of Myth”. Nesta execução, a cozinha trabalha de maneira mais cadenciada, construindo clima para um som mais pesado e denso. O peso, que faz paradoxo com a velocidade, abre mais espaço à compreensão de alguns que não conseguem acompanhar ritmos mais acelerados. Nesse sentido, o Overthrust está à frente de muitas bandas que pecam pela versatilidade. Percebemos aqui, que isso não é problema para o grupo.

Para conseguir o bom resultado que conferimos em músicas como “Foetus Initiation”, as gravações foram enviadas à Fullerton, Califórnia (EUA), onde passaram pela masterização de Paul Hird da Party Bus Music e Golden Hill Studio. Antes disso, o trabalho de mixagem e projeção foi feito por Jethro Harris e Howard “Merlin” Wulkan. Diante do resultado, podemos constatar que o casamento entre composição e time técnico foi perfeito, pois houve aqui um verdadeiro resgate da velha escola. Ou seja, clima denso, pesado e uma palatável pressão sonora.

Com certeza, a galera mais “xiita” do death metal aprovará o trabalho de “Vulture Thrust” (baixo e vocal), “Spencer” e “Dawg Thrust” (guitarras) e “Beast Thrust” (bateria), pois execuções como as de “Demon Grave” possui uma atmosfera mais primitiva, comprovando a crueza e solidez do ataque sonoro. Aqui, há um destaque especial às linhas de baixo, que correm pareadas aos riffs de guitarra. No entanto, a sobreposição do instrumento grave arremessa o peso a um nível incrível. Comparando a algum baluarte, podemos dizer que essa técnica ainda hoje é usada por bandas como Deicide e Cannibal Corpse.

Ainda falando sobre a sessão ritmica, uma das identidades do Overthrust é a pegada cadenciada. Em um estilo onde se é comum bateristas usarem “metrancas” (blast beats) nas músicas, aqui vemos que essa técnica não é muito usada por Beast. Em canções como “Overthrust Deathmental” – nome bem sugestivo, aliás – o andamento 1/1 é mais presente, assim como em quase todas as músicas. Isso contribui assertivamente para que o álbum seja mais pesado do que veloz, embora a rapidez aqui não seja tão essencial quanto o clima grotesco.

Mas se você gosta de ouvir as baquetas descendo violentamente na caixa, a música seguinte “Poltergeist of Torment” te dar alguns momentos. Para finalizar o repertório, “Silenced Voices of Holy” chega com uma narrativa na introdução, mas depois o som toma forma de um verdadeiro hino deathbanger. Com isso, o festival de horrores e temores com potencial destrutivo chega ao fim. Esperamos que este quarteto do mau sempre possa nos presentear com sua maldade. Em um cenário mundial onde cada vez mais bandas extremas estão perdendo a originalidade, surge essa da África para varrer o modismo e fincar terreno. “Infected By Myth” é um álbum cujos princípios falam mais alto.

Ouça “Infected By Myth” pelo Spotify:

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