Logo em seu início imediato, a canção faz o ouvinte se sentir em uma imensidão onde, praticamente, não existe gravidade. Um lugar que, se mundo fundo, nem a luz natural do Sol consegue penetrar. Eis o mar, o oceano. Imerso em suas águas, é possível sentir o êxtase do ato de flutuar. Um torpor frente aos mistérios do mundo externo e terrestre. E é exatamente nele que se ouve um canto opaco e ligeiramente bojudo rompendo o silêncio absoluto.
São baleias fazendo suas melodias vocais ressoarem no além-mar. E esse sonar é o primeiro toque melódico que a canção tem a oferecer. Com sua máxima essência orgânica representando não apenas o animal propriamente dito, mas também como uma metáfora à vida, tal som é logo acompanhado pelo dulçor agudo e ácido da sanfona fazendo a vez da harmonia. Com essa introdutória combinação, a música já vai assumindo silhuetas interessantemente dramáticas.
Eis então que, enfim, uma voz grave, mas de essência aguda e afinada entra em cena inserindo os primeiros toques líricos. Em um tom narrativo e até mesmo fabulesco, Stewart Brown acaba transformando WhaleSong Sounding em uma obra trágica, comovente e tocante que flerta com uma estrutura até mesmo cênica. Teatral. É assim que a faixa se evidencia como um produto que narra a realidade predatória vivenciada pelas baleias, a caça ilegal, a mortandade e a carnificina causada pelas mãos humanas. Uma música que se situa tanto como uma homenagem, quanto uma mensagem de legado, pesar e gratidão a esses grandes mamíferos marinhos.
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