Sempre ao ouvir um trabalho desta magnitude, me vem à cabeça o quanto repetiram e repetem a falácia de que o rock está morto. Sim, quantas vezes o leitor (futuro ouvinte deste trabalho) não ouviu alguém exclamar tal absurdo? Pois bem, além de mentir, quem diz isso está por fora.
Até porque, além do rock estar muito bem representado, é um dos estilos mais populares do mundo, tendo grupos e artistas dos gêneros em cada canto do planeta, além de estar incluso e dissolvido com diversos outros gêneros e subgêneros por aí. Pode não ser mais o dominador do mainstream, mas está aí, mais vivo do que nunca.
Há diversas provas e evidências, e este grupo francês chamado The Communal Well é mais um deles. Saindo do eixo Reino Unido / EUA, além de provarem seu talento, e tocarem ‘rock’, eles investem em uma sonoridade abrangente e que ainda mantém laços com o folk e o country.
Não bastasse isso, a sonoridade deste seu mais novo EP intitulado “Bound To Break”, é uma verdadeira viagem de quase quarenta anos, saindo da estação dos anos 60 e terminando ali pelo início dos anos 2000, tamanha a gama de elementos que o trabalho traz.
E tudo isso em apenas três composições, mas que são suficientes para provar o quanto a banda é versátil, criativa e muito bem entrosada, pois nota-se a coesão de seus músicos já na primeira audição, além do senso de composição, ou seja, o verdadeiro conhecimento de causa.
Talvez essa riqueza de detalhes fique por conta de estarmos diante de um grupo grande de músicos (nem todos parte efetiva da banda), como Roger Hoeberichts (guitarra e vocais) e Alex Slapman (baixo e vocais), que são os líderes, e músicos convidados como Stephane Caroubi (baixo), Guy Cunis (guitarras e vocais), Emmanual Obry (bateria), Alexi Duc (gaita), Jean Philippe de Berry (teclados), Sonia Wilson (vocais de apoio) Christophe Constantin (bandolim) e Pierre Bastide (banjo).
Com este time campeão, a banda destila três composições que têm como temas relacionamentos, incentivos vivenciais, filosofia e sentimentos. A faixa título é sobre relacionamentos que construídos em mentiras acabarão se rompendo. “Cory” é sobre não deixar seu passado direcionar suas possibilidades futuras e “Mexico” é sobre arrependimento e saudade de alguém.
As canções objetivas não totalizam dez minutos, mas a The Communal Well consegue explorar da melhor forma possível e ser objetivo ao mesmo tempo, o que torna o EP ainda mais atraente. Mas não podemos deixar de falar o quanto o disco acaba ficando com um gostinho de quero mais assim que acaba.
Mas, melhor falarmos do começo, já que é isso que importa, esse conteúdo magistral do trabalho que começa com a poderosa faixa “Bound To Break”. Trata-se de um rock clássico, com guitarras certeiras, tanto nas bases, quanto nos solos, além de uma cozinha espetacular, com pegada na medida e muita coesão.
Mas, os detalhes é que falam mais alto nesta composição versátil. Além de ela trazer uma cobertura de cordas acústicas, conta com um banjo discreto, mas que dá todo o diferencial, além de um órgão que faz uma cama perfeita ao fundo. A voz a lá Mick Jagger é um charme a parte, e ainda conta com ‘backing vocals’ muito bem incrementados, que enriquecem ainda mais o refrão que já é maravilhoso por si só.
Logo em seguida vem “Mexico”, uma composição que já encara uma roupagem folk, e conta com vocalizações suaves, bem sacadas e levemente sensuais. Com uma levada percussiva incluindo chocalhos, a canção prima pelo bom gosto e ser ainda mais detalhada, mesmo sendo acústica em grande parte.
Destaque para as bases de violão bem sutis, o órgão que de novo faz um papel de cama fundamental, além da guitarra que sola no estilo southern rock, dando ainda mais pompa à faixa. Uma gaita suave complementa o contexto detalhado da música, que é simplesmente uma canção perfeita para se cantar em volta de uma fogueira. E, mais uma vez o trabalho vocal é primoroso.
Mantendo essa pegada folk, mas com um clima mais soturno e, surpreendentemente country, “Cory” é uma canção que não dá espaço para percussão em seu início, sendo levada totalmente num dedilhado de violão fantástico, que é acompanhado por uma gaita toda romântica, que enriquece e muito os arranjos.
Os vocais são mais sérios aqui, e vão ficando fortes gradativamente, ganhando a companhia de ‘backings’ femininos, até o seu momento final que a bateria aparece por segundos e a música fecha o disco com chave-de-ouro.
E agora é aquele momento de sentir um gostinho de quero mais e exigir que o The Communal Well lance coisas o mais breve possível. Também não podemos deixar de elogiar a gravação feita no Studio de la Seine e produção de Andy Peterson, que deixou o som bem orgânico, como ele pede! Magnífico!
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