Ela já nasce tocante em sua maciez reconfortante e com generosas doses de nostalgia. Entre o piano e o violão, a melancolia é outro elemento a dividir espaço com um curioso torpor que transpira das esquinas sonoras introdutórias. De essência delicada, o amanhecer da faixa dá destaque ao veludo quase hipnótico da guitarra lap steel, quem insere, na canção, adoráveis e aromáticos traços folks.
É nesse ínterim que uma voz de timbre brando entra em cena pincelando os primeiros versos verbais na canção. PlanG coloca o enredo sob um sotaque ferrenhamente inglês, mas, felizmente, sem tanta rigidez. Tendo esses ingredientes como norteadores sensoriais, My Little City faz com que o ouvinte se sinta no limite de um penhasco. Sentado na sua borda, com os olhos fixos no horizonte e sentindo a brisa do mar de um entardecer de outono fazer valsar os cabelos, a mente do espectador se transforma em um filme sem localização temporal exata.
Indo e vindo entre presente, passado e futuro, o espectador é capaz de rever o ontem, enquanto reflete o hoje e recalcula o amanhã em alguns súbitos de consciência. Não é difícil de perceber, portanto, que, em My Little City, PlanG faz uso de uma estrutura lírica autoanalítica ao passo que narra o processo de deixar o lar e rumar ao desconhecido em busca de um futuro melhor. Um lugar novo perdido na infinitude do horizonte.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/6d5ZYJR6zQhJfg8p5yPxJ1
Site Oficial: https://plang.hearnow.com/my-little-city