“A vida é como um piano, as teclas são os momentos. Se não toca-las em harmonia, o resto ficará desastroso (Luiza Duarte).” O som do instrumento é um dos estímulos sensoriais mais apreciados para aqueles que tem a música como um processo de transformação espiritual e pessoal, trafegando além da mera relação que desbraga um instante de entretenimento. O piano quando é devidamente capitaneado com extrema sensibilidade, suscita amores, dores, valores, lembranças e comoções entusiásticas das mais díspares em seu ouvinte, soando premissa indubitável não sermos devidamente adornados pela jornada mágica proporcionada.
“Shine”, o mais recente lançamento em formato de álbum do musicista Carl Liungman, é um desses exemplos de profunda relação do instrumento com composições que realmente produzem um acontecimento de proporções inenarráveis em palavras, acometendo profundidade nas nossas vidas! O início dos trabalhos com a faixa-título, nos traz a perfeita amplitude da viagem discernida no registro: confessionalidade em tons minimalistas, onde cada toque da tecla é devidamente avidado pelos nossos instintos, atingindo um grau de emotividade envolvido em proporções épicas. “Being” imerge na virtuosidade da tradição erudita, mas gradativamente nos envolvendo para uma atmosfera da Nova Era, construindo camadas atmosféricas que nos edificam para patamares grandiosos. É realmente uma comoção avassaladora o que encontramos até aqui, INCRÍVEL!
“Essence” como o próprio título determina, nos proporciona em toda a sua delicadeza, uma viagem ao fundo do ego embebecida de sentimentalidade pungente, onde a profundidade do tema eleva totalmente a nossa perspectiva sensorial. Passagens que emulam baladas clássicas pop se fazem presente neste primor de peça! “Faith” realmente amplia os horizontes da nossa fé, em um recado mais curto para que ampliemos nossa energia para camadas estratosféricas e elevadas, seja em nossa consciência como na vida cotidiana, com belos pensamentos e ações.
“Alive” é sobre a vida plena, expressando vulnerabilidade e força simultâneas, mostrando que as criações de cada pianista repercutem como o indivíduo em sua densidade, cada uma com um sentimento nobre para repartir. LINDO! O crescimento passo a passo, toque a toque e som a som de “Dreams”, é mais um caminhar fino e delicado, como se fôssemos nos equilibrar na ponta dos pés, externando toda a leveza frente a cada um desses movimentos mais sensíveis e dissonantes. “Flowing” encaminha um verdadeiro resplandecer, ao soletrar sentimentos e aconchegar nosso coração em prisma proeminente. Vale destacar o EXCEPCIONAL trabalho como arranjador do musicista, promovendo um duelo dos mais furtivos entre sofreguidão emocional, técnica em níveis profundos e feeling emocional para dar e vender!
A epopeia de “Levitate”, trabalha o silêncio entre as notas de maneira irreparável, novamente trazendo uma reverberação ambient que nos sintoniza com inspirados momentos do cenário New Age. Temos um percorrer que também remete nossos sentidos a um cenário cinematográfico, onde além de imagens brilhantes sendo difundidas, sentimos nosso rosto “arferecer”, as mãos tremularem e as linhas de pensamento repercutirem como colírios irrepreensíveis da audição diretamente para os olhos. ESPLENDOR! “Lullaby” é um mantra das palavras enigmáticas do pensador Elank Lever, que diz que o “piano tem em média 230 cordas, não existindo nenhuma que prevaleça”, e esse papel fica exclusivamente para quem irá conduzi-lo. Esse é o patamar que denota o brilhantismo nessa relação entre artista, instrumento e audiência. E aqui temos mais um exemplo da genialidade do sueco Carl Liungman!
Uma obra-prima como “Shine”, precisa ser degustada com todo o ardor, desde os primeiros segundos da introdução de abertura, até os últimos momentos da encore, porque é realmente uma experiência irrefutável para os recantos mais profundos da nossa alma. Obviamente, temos um disco que trará um novo fôlego para a música instrumental, impressionando em todas as capacidades construídas tendo como pano de fundo o som do piano, pois se multiplica em proporções orquestrais no excepcional conjunto de treze faixas promulgado. É uma conjuntura de notas que irradiam amor em toda a contextualização que construiu este magnífico desígnio divino!
“Savage” nos remete a lendas do instrumento como Vangelis, Hans Zimmer, John Barry e Keith Jarrett, mas exaurindo personalidade pelos poros, transcrevendo a sua grande identidade artística. Ecos do clássico filmográfico “Somewhere In Time”, eclodem nesta sinfonia sugerindo o encontro da essência da alma do seu criador, com nossa perspectiva de encantamento. “Unfold” incorre em projeções misteriosas nesse mergulho que alterna deliberadamente (com maestria!) mansidão e submersão comovedora. Sorrisos e lágrimas soam como um raio único neste singelo alvorecer sonoro!
Música que mexe com a razão através de notas mágicas como o título ressoa, se traveste de conexões raras, como em “Rare”, um verdadeiro colosso carregado de lirismo “eruditivo”, mas permeando um senso popular altamente acolhedor em suas raízes. O grand finale se consiste em paradigmas que evocam pitadas celtas, com o encaminhamento para a linha do horizonte que acolhe nascimento e sumidouro do sol, arrancando lágrimas aos sopetões de nossos olhos. O movimento que se repete e automaticamente ataca a estrutura da melodia incisivamente, se manifesta como percalço magistral, e é o que podemos designar como MAGIA! Disponibilizado abaixo, um dos maiores lançamentos desse ano de 2022, o maravilhoso pianista Carl Liungman com “Shine”:
http://carlliungman.com/
https://www.facebook.com/CarlLiungmanMusic
https://twitter.com/CL_Solopiano
https://open.spotify.com/artist/0V6W9Jv6oaJxHbFpPnwmz0?si=90X5Z82kQSW6FaRWePKZcA
https://soundcloud.com/carlliungman
https://carlliungman.bandcamp.com/
https://www.youtube.com/@carlliungman/featured
https://www.instagram.com/carl_liungman_pianist/