Mais um caso que nos deparamos com a ideia de que a música deve ser compartilhada, ‘doada’. Negócios à parte, não tenha dúvidas de que essa é uma justificativa bonita para o que se propõe, principalmente no caso de Arnoud Kuijt, o artista por trás deste projeto chamado WhisperingKeys.
Com foco no piano, ele começou a compor as canções para pessoas que ele conheceu durante suas viagens. Mas não somente isso, neste álbum em especial, as composições surgiram para a sua esposa, que há mais de três anos está doente e buscando recuperação. Ou seja, mais uma prova de que música é superação.
“A música é um dom a ser compartilhado, e compor essas músicas para pessoas que conheci e por quem fiquei impressionado torna essas pequenas histórias místicas. Cada música tem um título que reflete a intenção da música também como um presente para alguém”. Essas são palavras do artista que lança agora este álbum magistral intitulado “Hope”, um nome aliás que cai muito bem ao contexto do disco (significa ‘esperança’, em uma tradução livre).
E nele, ele entrega 14 composições que abrangem algumas das diversas abordagens do piano, mas todas emanando um sentimento em comum, que é o amor, seja ele em suas diversas formas, assim com as próprias canções. Os títulos das faixas correspondem ao momento vivido na ocasião que inspirou cada composição, mas que pode servir para a situação de cada um que as ouvem.
Em “Miracles”, a faixa de abertura, ele chega com um ar mais cinematográfico. Isso porque no decorrer do disco, a aposta é mais no piano solo em si. Mas aqui há um teclado que dá uma camada erudita ao fundo, enquanto o piano conduz a melodia. Logo, ela ganha um contexto um tanto quanto de trilha sonora, abrindo caminho para a imersão em um disco absoluto.
Outro destaque é a belíssima faixa título, que traz uma melodia dramática, porém belíssima. Nela o piano já se destaca por si só, mas ainda não perde o teor de trilha, nos levando a uma viagem que parece estar num mundo mais fantasioso.
Por fim, a introspecção de “Wonder” e o toque diferenciado de “Bloom”, fecham os destaques de “Hope”, que parece realmente atingir o seu objetivo. O disco pode ser apreciado como meditação, música ambiente ou até mesmo para relaxamento em casa. Mas, acima de tudo, o que é ‘doado’ neste lindo trabalho, além de boa música, é puro talento.