O single “Don’t Blame Me”, lançado em 2023, apontava ao grande lançamento do álbum “Dreammaker”, primeiro ‘full-length’ da carreira de Charles Moret. O artista em questão não é apenas cantor, pois ele procura se expressar de várias formas, como literatura, dramaturgia, vídeos etc. Neste combo musical composto por oito canções, temos um misto de emoções e melodias composto com certa profundidade, como na própria canção título que abre o disco. “Dreammaker”, a canção, também foi lançada anteriormente como single e ajudou a criar mais expectativas sobre o álbum. O resultado, só você poderá absorver.
Com um pouco de psicodelia, o perfil musical de Moret é muito variante, pois há músicas como “Blended Nights” que são perfeitos rock de garagem. As melodias, no entanto, podem parecer doces, mas em alguns momentos são meio ácidas. Dessa forma, o cantor alimenta a sua versatilidade e chama atenção de vários grupos de fãs. Nada melhor do que um bom riff de guitarra distorcida e uma bateria cadenciada para alimentar o universo da cena indie. A técnica vocal de Moret é outra coisa que não tem segredo. Por aqui, nada de drives, falsetes ou entonações muito agudas. Assim como a harmonia, os timbres vocais são naturais.
Pianista profissional, Moret não tem problemas em criar linhas melancólicas como em “Scissors”, uma música de 2022 cuja sonoridade estimula a paz de espírito. As influências do cantor para este tipo de execução estão bem definidas em nomes como Cold Play, The Verve e outros nomes mais alternativos. Da mesma forma, deve-se considerar a produção do álbum que atende muito bem a proposta do cantor. Ou seja, nada de tão moderno, mas também não tão antigo. A impressão que deixa é que a melodia apenas segue o seu curso, desviando ou passando pelas complexidades que cada frase instrumental pede. Uma dica legal é você conferir o videoclipe oficial dessa canção no YouTube.
Ao chegar em “Don’t Blame Me (R7)”, logo se percebe que aqui é uma versão remasterizada, com a sonoridade bem mais alta, limpa e expressiva. Contudo, as emoções que ela traz como uma linda canção melancólica são potencializadas da mesma forma que a versão de junho de 2023. Em outras palavras, o segundo single do álbum foi uma escolha acertada para ser cartão de visitas. Destaque para os arranjos igualmente doces que compõem o clima da música, mas também à interpretação carregada de sentimentos do cantor que, de maneira marcante, consegue cativar o fã a sua maneira.
Com uma atmosfera um pouco menos tensa, “Still, I Need You” surge com uma deliciosa camada de teclados. De maneira idêntica, a base criada pelo baixo fornece à canção uma estética mais pomposa, complementando a melodia de forma essencial. Aqui, Moret alterna seus vocais entre graves e falsetes incríveis, mantendo a sua marca registrada. Nesta canção, se estende também belos climas criados por sintetizador dentro de uma linguagem musical delicada. A parte da cozinha que representa a bateria faz um “feijão com arroz” básico, para que o protagonismo não acabe fugindo das climatizações e vocalizações. Boa pedida!
A vez agora é da música mais longa do álbum, “Stardust”. Com os seus mais de cinco minutos e quarenta segundos de duração, a música parece nos transportar a outra dimensão. Ela é mais uma representação da sessão psicodélica do álbum, com efeitos sonoros prolongados e versos calmos. Sua aura, construída a partir de uma textura suave, com vocais delicados, transmite paz de espírito, calmaria e sossego. Imagine você deitado em um gramado à noite a observar as estrelas, se ninguém te importunar em uma viagem astral de cinco minutos, é exatamente essa vibre que você sentirá. Isso vale também para um corpo à deriva no mar, balançando sob o ritmo das ondas.
Na sequência, surge “Things You Wish” com um poder cativante distinto ao que já se escutou anteriormente. Nesta música, há um pouco mais de despertar. Aqui, o cantor investe um pouco mais na empolgação com ótimas linhas de bateria, embora a guitarra e os teclados preferem manter uma sonoridade mais ácida. Ainda assim, é uma música que explora muito o talento e versatilidade do artista, cujas expressões são levadas ao alcance em que a melodia for. Um cantor com uma identidade estabelecida como Charles Moret, constroi esses caminhos muito bem.
Para fechar esse recipiente de sentimentos profundos, melodias impactantes e perfeição profissional, “Time and Time Again” se revela com alguma influência do hip-hop nas batidas, mas os vocais continuam oscilando entre doçura e acidez. Já não resta dúvidas de que a grande carta de Moret é o experimentalismo. Com este “Dreammaker”, o cantor prova em oito músicas que o grande barato é compor de dentro do coração para fora, levando nas letras e melodias soluções para o equilíbrio da alma. Aqui nasce para o mundo, uma peça importante para a manutenção da arte musical, em todas as ações e em todos os gêneros. Simplesmente, art music.
Ouça “Dreammaker” pelo Spotify:
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