Discos de estreia são uma faca de dois gumes. Muitas vezes trazem o artista/banda em chamas no que se trata de vontade e criatividade, mas ao mesmo tempo, em alguns casos, a inexperiência pode atrapalhar. Mas, se há algo em comum, é que a honestidade e energia sempre primam.
J.Switay trabalhou praticamente noves meses neste seu debut e com muito cuidado procurou abordagens momentâneas para escrever as composições, incluindo letras que retratam o momento do qual ele passava em cada uma. Logo sabemos que o disco teve um esmero acima do normal e isso se percebe quando apertamos o play.
Intitulado curiosamente de “30 Years Down And All I Have To Show For It Is This Album” (em uma tradução livre, ‘30 anos depois e tudo que tenho para mostrar é este álbum’), conseguimos entender qual a importância do trabalho para o produtor, que aqui entrega um som versátil, trazendo diversos estilos.
Nele, o ouvinte conseguirá identificar elementos que vão do hip-hop, trap, funk e várias facetas do eletrônico, sempre passando por caminhos que vêm lá de trás, soando mais ‘old school’, passando pelos anos 90, até os dias atuais, onde algumas das canções soam bem atemporais.
Com uma produção de primeira, tendo tudo bem lapidado, J.Switay consegue soar abrangente, graças às suas habilidades, mas também à sua amálgama de influências, que o deixa muito versátil. Mas, é preciso destacar que em nenhum momento ele soa perdido neste seu universo, tendo sempre sua identidade em voga, com sua assinatura em todas as músicas.
Em “The Wait (Hold On)”, que é a música de abertura, já sentimos a segurança de J.Switay, que mostra um som intrigante onde o trap parece ditar as regras, mas ele ainda traz muitos elementos de hip-hop e um contorno pop que dá todo o diferencial à faixa.
A nostálgica “Cant Get Enough” também se destaca com sua mescla maravilhosa do rap e funk, de ritmo dinâmico e um baixo cheio de ‘groove’, que nos leva aos anos 80 sem sair do lugar. A música também prima pela sua melodia cativante.
Outro destaque é já a faixa seguinte, “Dont Judge Me”, que entrega um ar mais introspectivo e melancólico, mas mantendo a identidade de J.Switay, sendo apenas uma faixa mais reflexiva com seu clima misterioso e cadenciado. Três músicas entre as 12 é bem injusto de definir o disco, por isso é importante aproveitar os 35 minutos do álbum sem perder nenhum detalhe!