Das terras geladas e vulcânicas da Islândia, o músico e produtor Helgi Freyr Tómasson iniciou um projeto em 2014, que transcende os limites da psicodelia com elementos clássicos, climáticos e surreais. Para criar a sua marca, o artista adicionou ingredientes da música moderna com apelos eletrônicos, transformando suas ideias em um pacote único de sonoridade viva, desbravadora e de uma qualidade soberba. Assim, surgiu o Projeto Hewkii oferecendo uma experiência profunda de exploração musical, percepções auditivas e melódicas. O primeiro álbum, “The Gaian Mind”, foi lançado em 2017 e marca o deslanchar dessa história.
É bom que se diga que, mesmo o primeiro álbum saindo em 2017, Tómasson liberou alguns singles em 2013 que são fases embrionárias para a fomentação concreta do projeto, como “Trance-House” e “Next Time”. Após mais alguns lançamentos, o seu selo Bulb Mind Records consumou a chegada de “The Gaian Mind”, com a expressíssima faixa “Aurora Borealis” conduzindo a obra como carro chefe. Essa música cheia de explosão e movimentos extrassensoriais, é capaz de arrepiar cada cílio do seu corpo com camadas futuristas de sintetizador, formando uma melodia penetrante que te convida a uma viagem entre a realidade e fantasia.
Um projeto ousado dessa grandeza, para quem possui paixão pela música e produção musical, requer um pouco mais que técnica e perícia, pois a construção das engrenagens para fazer funcionar cada harmonia é feita por quem, de fato, possui um dom. Ou seja, é uma sensibilidade que vem de dentro da alma. A faixa título, por exemplo, como todas as outras execuções, é espelho disso. Durante a audição, nota-se um conglomerado de estilos que vão do psicodelismo puro e simples aos trejeitos da música eletrônica, com a pegada cadenciada do rock, inclusive com um riff bem agressivo em efeito de distorção.
O álbum é todo focado na sonoridade ambiente, mas as formas abstratas que esse tipo de vertente propõe, aqui não exatamente são compostas por elementos complexos, pois nota-se certa preocupação na harmonização das pontes que, obviamente, fazem o fluxo da música correr livremente sem nenhuma barreira, podendo deixar a sonoridade saturada. Em “Vapor”, faixa que faz sequência ao repertório, temos um incrível trabalho de harmonia entre a música eletrônica e confortantes efeitos futuristas, com um groove superbem encaixado. Nesta execução, o projeto Hewkii recebeu a colaboração muito bem-vinda de Oddweird, ampliando mais ainda a versatilidade do álbum. Bela sacada!
Uma das coisas legais e que ajudam o álbum “The Gaian Mind” ser tão versátil, é a duração das faixas que fica em torno de três a quatro minutos. Mesmo as maiores como “Entities on the Other Side”, que possui um tempo superior a seis minutos, são capazes de burocratizar a sua experiência, pois as suas variações que incluem emulações tribais, alguns sons de natureza e até um sutil jazz com skazinho no final, nos causam ótimas sensações embaladas por poderes de relaxamento, instigação e, quem sabe, até de cura. Sim, pois são músicas assim que nos afasta do estresse.
O mestre do entretenimento musical e seu projeto Hewkii, lançou esse álbum com nove faixas oficiais, onde a quinta “Summer Wind”, traz mais participações. Para essa execução de atmosfera suave Tómasson contou com 5Alvo e FreeDday, outros projetos que também fazem trabalhos espetaculares. Suas presenças aqui são mais que justificáveis pela qualidade homônima deste produtor. A música, em questão, é do tipo trilha sonora de férias com alto astral e uma boa sensação de transformação. Os trabalhos de sintetizadores criam uma empolgante corrente de alegria que se mistura a diversos efeitos pulsantes. Uma música que dissolve a depressão em pouco tempo.
Como pode constatar, o projeto já está na estrada há quase dez anos e, de lá para cá, já se apresentou em eventos como “Músíktilraunir 2017” e mais uma vez em 2018, assim como deverá se apresentar em vários outros eventos de Reykjavík (ISL) nos próximos meses. Entre as suas influências estão nomes como Shpongle (UK), Infected Mushroom (IL) e outros. Logicamente, isso contribui para várias possibilidades de produção, essa diversidade também chega em “The Sacrament”, que possui um clima mais balançado com batidas da black music, sugerindo um estilo hip-hop. Essas nuances são fortalecidas por efeitos de scratch introduzidos de forma convencional.
Quem curte essa pegada instrumental com variações eletrônicas e incursões de outros estilos, vai se deleitar facilmente com esse disco, pois músicas como “Data Crusader”, com expressão techno, ou “Bhagavad Gita”, com linhas melódicas mais acentuadas são ótimas dicas. O encerramento do álbum fica por conta de “Nostalgic”, que traz um lado mais soturno de Tómasson. A melodia mais sombria que permeia por um estilo mais dark, caiu como luva neste final. Um verdadeiro resumo da ópera de um músico só, cuja maestria de suas mãos é aperfeiçoada por suas técnicas singulares. Obra de gênio? Só você dirá após ouvi-lo.
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