The Screaming Pope lança álbum que faz jus ao nome explorando o eletrônico

Se dedicar a um gênero musical há quase 45 anos não é para qualquer um. Isso que quase ininterruptamente, trabalhando por conta ou em parcerias. Além de adquirir experiência, o artista acompanha as evoluções e mudanças no cenário e até a própria estética da música, que sempre progride, queiram ou não.

É o caso de George Bolton, norte-americano de Boston, que desde 1979 está na ativa. Sempre no cenário da música eletrônica, o produtor e tecladista já trabalhou com diversas bandas, foi assistente de produção em clipes e assistente de engenharia sonora no estúdio Cars SyncroSound, localizado em sua terra natal.

Ele é o nome por trás do projeto The Screaming Pope, que chega ao seu novo álbum em 2023, apresentando uma sonoridade que transita por diversas épocas e facetas da música eletrônica, sendo uma verdadeira aula do estilo. Tudo em quinze músicas objetivas, pois o disco não ultrapassa a meia hora.

Aproveitando sempre os espaços, mesmo que pequenos, o artista traz cantores e cantoras diversas, que aumentam ainda mais a versatilidade do trabalho. Os vocalistas não são creditados, mas todos apresentam um trabalho impecável, que deixam “Our Love Is Music” simplesmente encantador (e isso aumenta a cada audição).

Aliás, o título muito bem sacado (‘nosso amor é música’, em uma tradução livre), explana bem o contexto do álbum, do qual, segundo o próprio Bolton, traz composições que foram escritas de acordo com as características de seus intérpretes. E, praticamente nenhuma faixa se encontra abaixo da média. Claro, cada uma trazendo suas características, mas sempre com a identidade do projeto.

A variação dos estilos vai desde a disco e soul music do início de carreira do artista, passando pelo synthwave e synthpop oitentista, além do dance dos anos noventa, chegando ao house atual. Isso para citar alguns, pois há outros flertes e a gente destrincha as faixas neste momento.

Primeiramente a faixa título que abre o disco num ritmo dançante, inclusive com uma leve veia latina em seu andamento, chega como um oásis, pois não estamos diante de um disco descontraído. Não se trata de um álbum triste ou de faixas carregadas, mas sim com músicas intimistas. E sim, “Our Love Is Music” tem seu ritmo um pouco mais enérgico, porém a suavidade de seus timbres a coloca dentro da proposta do repertório.

Já “Hands On You” é uma música que mostra guitarras certeiras, mostrando o quão atual Bolton é. Ele entrega uma canção nitidamente com veia indie, inclusive com flertes direto ao rock. Essa premissa se mantém na faixa seguinte, “Home Again”, porém, a composição é mais introspectiva e traz um trabalho mais voltado a seção rítmica, inclusive com uma bateria excelente e linhas vocais belíssimas. As duas faixas têm menos de 2 minutos, coisa que se repete no álbum, mas pode passar praticamente despercebido, pois tudo está na medida certa.

Com um leve toque de lounge e uma veia bem noventista, “Sleeping Alone” é daquelas composições mais sensuais, que desperta a curiosidade e chama atenção do ouvinte na hora. É seguida com um tremendo contraste por “Brown Eyes Blinking”, uma faixa com conteúdos eruditos, inclusive o instrumental clássico e uma interpretação feminina épica, mostrando um bom teor de new age.

“Love Penitentiary” chega arrasando com seus vocais mais maduros, mantendo o teor de new age, mas trazendo também melodias dignas do synthwave e pop, onde as almas mais eufóricas irão se encantar com seu ritmo épico. Enquanto isso, “Supernatural” traz um som climático muito bem ambientado, com vocais levemente dramáticos, onde a new age pede passagem novamente, mas com um equilíbrio e bom gosto impressionantes.

“Favorite Mistake” mostra o quão atual é o The Screaming Pope, afinal, mantendo toda a suavidade e sofisticação característica de seu som, mescla o dance com o R&B, originando um pop tão atual quanto a qualidade do trabalho. E nem parece que o mesmo artista compôs a belíssima “Committed”, que tem um instrumental tão sutil e uma melodia emotiva, turbinada por um violino, que chega a arrancar lágrimas. Tudo sem contar o belo trabalho de vozes.

Enquanto em “Morning Light” o R&B pede novamente passagem, só quem em forma de balada, “Fly With Me” chega com ‘groove’ extra, leve toques de afro-beat, mostrando o quão é diversificado o som do disco. Já “Self Love” bota todo mundo pra dançar com sua batida house, mantendo a sutileza tão característica.

Entrando na reta final, “The Paradox Program” tem um riff inicial emocionante e incrivelmente a música cai num indie pop que praticamente flerta com o rock alternativo. Já, “The Weight Of The World” chega toda atmosférica e dramática, abrindo caminho para o encerramento com “Opening New Doors” que fecha “Our Love Is Music” com um surpreendente experimental jazz eletrônico que só ajuda a fazer jus pelo nome que o álbum tem, inclusive trazendo um sax espetacular. Que disco!

‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’

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