Sabe aquela expressão muito comum no Brasil, “sexy sem ser vulgar?” Pois bem, Sage Suede entrega neste seu mais novo álbum um teor que resume um pouco disso. E essa é proposta do artista texano de Austin (nos Estados Unidos) e fará com que tendências se deleitem sobre os temas, a sonoridade e toda aura que circunda este disco.
Tudo porque nota-se que “Dirty Blonde” é um álbum sem amarras, tanto em seu contexto musical, quanto lírico. Ou seja, por mais que tenha um direcionamento, o trabalho não fecha seu leque em momento algum, sempre abrangendo sonoridades e letras que lhes convém.
Obviamente que se não tivesse dado certo como fórmula musical, as coisas se complicariam. Mas, o talento do artista fala mais alto e tudo aqui soa de bom gosto, equilibrado, além de versátil. Neste último caso não poderia ser diferente, afinal, há uma amálgama de estilos, onde os elementos se entrelaçam de forma harmoniosa resultando em treze excelentes composições.
Sage também buscou participações especiais para “Dirty Blonde”, e fez questão que fossem mulheres. Claro, o disco ficou ainda mais abrilhantado e é incrível como ele conseguiu gerar uma química distinta e particular com cada uma delas. Outra grande ideia e um baita de um trunfo do artista.
Atuando entre os meandros da música eletrônica e suas diversas facetas, Sage Suede consegue uma abordagem abrangente que, além de conquistar os fãs do estilo, pode agradar os amantes da boa música em geral. Isso porque o trabalho foge do comum dentro do gênero (eletrônico).
Além de fugir do comum, “Dirty Blonde” é um trabalho com leves toques experimentais, principalmente explorados pelos sintetizadores. Por isso, em algum momento dos quase 40 minutos de música do álbum, o ouvinte se pegará, entorpecido e/ou hipnotizado, tamanho grau de experimentações de batidas e sons psicodélicos.
E isso já começa nos acordes iniciais da faixa de abertura, “High”. Com um baixo marcante de início e uma batida cativante, a música já insere o ouvinte no mundo do eletropop e revela os vocais sussurrados sensuais do artista norte-americano. Uma bela introdução, mas que ainda não revela todo contexto do trabalho, ainda bem.
“Palm Trees And Scotch” é a primeira com participação especial, trazendo Dazmin D’leon como convidada. Com um teclado marcante ao fundo, a canção eleva a sonoridade do trabalho e revela elementos do house. A música foi uma das que ganhou videoclipe, sendo o trabalho audiovisual um de seus destaques, onde uma dançarina venezuelana performa em uma praia com trajes de banho.
“The Best Revenge”, do qual participam Honey-b-Sweet e Girlxhighlight, o teor house ainda deixa resquícios, mas a batida viciante nos remonta ao psy trance e o jogo de palavras pode deixar o ouvinte em um grau de insanidade mais elevado. Claro que tudo isso não é pejorativo e sim de acordo com o que é proposto no disco.
Aliás, “Corn Chip Thot”, a faixa seguinte, ganha ainda mais intensidade do trance, porém, é a primeira música onde Sage vai para um caminho mais extremo, flertando com eletropunk e industrial. Logo, o teor hipnotizante retorna com “Work From Hoe (WFH)”, faixa que traz um sintetizador que simula sons que nos lembram a música do oriente médio, que entra de forma aguda, contrastando com os vocais introspectivos do artista.
Em “Spunky” Honey-B-Sweet retorna com uma participação mais efetiva, duelando com Sage em uma faixa de batida intensa e baixo vibrante. Com um ar mais seco, a canção traz uma pulsação extra ao trabalho, além de ter uma melhor lapidação, que deixa o som um tanto quanto mais límpido, fator que é uma raridade no disco.
“Itty Bitty” é uma faixa de jogo de palavras bem sacados, e a primeira que apresenta elementos mais sucintos do R&B e funk (viu como o álbum não tem fechadura?). Com uma introdução toda chiptune (sons de videogame), “Macky Daddy” traz um ar completamente descontraído. Enquanto “Turn It Up – passo doble interlude” é uma faixa de transição em parceria com Jyme.
A reta final traz de volta uma participação de Dazmin D’leon na faixa “Finna”. A composição é um synthwave com sintetizadores viajantes e uma batida caótica. O destaque fica por conta da mudança vocal considerável de Sage, que deixa os sussurros de lado e aposta num grave digno do gothic.
“Broment” volta com elementos psy e o punk eletrônico, sendo uma das composições mais intimistas e sombrias do trabalho, mesmo tendo uma dinâmica interessante. Enquanto guitarras distorcidas aparecem em “Weaponize Dem Thighs”, que além de leves toques de rock (!), se envereda sem medo no hip-hop. Um bom fechamento para um disco como este.
Mas, ainda tem um bônus, com “Corn Chip Thot” ganhando uma versão remixada por Jyme. Nada mais justo, depois de transcender em um disco versátil, honesto e cheio de personalidade. Não há mais tempo para pensar, coloque “Dirty Blonde” e dê adeus ao mundo por quarenta minutos (ou um pouco menos).
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