Dial Drive entrega punk e suas facetas em segundo álbum

Há territórios na música que estão tão explorados que é impossível encontrar a originalidade. Mas ser original não é uma regra. Na verdade, nada é regra desde que se entregue algo de qualidade e honesto. Porém, nem tudo que é bom se copia, enfim, seria uma discussão longa falar sobre estes aspectos.

E há estilos que têm um território limitado, dificultando ainda mais o processo criativo caso ele seja baseado neste caminho. Sem dúvidas, o punk rock e seus acordes mínimos é um destes. Logo, quando um grupo que aposta nesta sonoridade, consegue sair da mesmice, é uma façanha e tanto.

Diretamente de Orlando, na Flórida, o Dial Drive é um grupo que tem esse talento. Neste seu segundo álbum, intitulado “Burning Bridges”, Jake LeDrew (guitarra/vocal), Nate Durazzo (guitarra/vocal) e Billy Morrissey (bateria) conseguem trazer uma sonoridade que pode não reinventar a roda, mas sem sombras de dúvidas têm identidade e sabe entregar algo que no mínimo refresque o punk e suas entranhas.

Muito aguardado, “Burning Bridges” chega depois de um disco de sucesso, o debut da banda chamado “Wasted Time”, lançado em 2019. É interessante notar que, a banda estreou no período pré-pandêmico e agora solta um disco depois do período, que é responsável por solidificar seu trabalho.

E, se depender do novo disco, isso está feito. Afinal, estamos diante de um álbum consistente, que mostra uma evolução natural e um amadurecimento latente. Em tudo, tanto em termos de produção, quanto em termos de composição, execução, etc. O Dial Drive também se mostra mais versátil, porém equilibrado.

Ainda sobre parâmetros, precisamos dizer que, além de mais variado, “Burning Bridges” é um disco mais agressivo e até sombrio. E tudo isso mantendo as características que o grupo moldou nos últimos seis anos, desde que surgiu no cenário. Isso prova o amadurecimento gradativo.

Sabidamente, o grupo abre com a faixa “Wake Up”, que resume um pouco do que é o disco, mostrando praticamente todos os elementos em apenas 3 minutos. A música começa com um riff de guitarra típico do punk e quando a cozinha entra na velocidade da luz, a melodia se intensifica e o refrão mostra a que veio.

“Falling Down” mostra a primeira variação. Depois de uma introdução misteriosa e brutal, a composição traz elementos do ska, inclusive na condução de seu verso. Isso surpreende, mas não descaracteriza a sonoridade da banda, pelo contrário, a enriquece ainda mais.

“Bury Me” é a primeira a trazer traços mais sombrios e um tom dramático em sua condução. Inclusive o riff de guitarra inicial ganha leves tons burocráticos, enquanto a cozinha continua mostrando seu trabalho irrepreensível no disco, com direito a dinâmica e viradas insanas.

“Keep Speaking” chega com aquela melodia bonitinha e um refrão de início, o tipo de faixa para dar um respiro no trabalho, sem muito drama, que é compensado pela melodia bela e de fácil assimilação. O detalhe fica para o fato de a banda fazer uma faixa simplista não soar maçante. É, parece um dom do Dial Drive.

Enquanto isso, na faixa seguinte, “Death”, a banda dá uns passos para trás (não na qualidade) e parte para o punk noventista, com uma sonoridade mais direta e visceral, dispensando um pouco dos efeitos atuais. Grande música para iniciar a segunda metade do disco.

Já a faixa título dá uns passos à frente de sua antecessora. “Burning Bridges” ganha mais gordura em seu instrumental, um tom levemente dramático em sua interpretação e melodias mais intensas. Logo nos remete ao que o cenário nos apresentou no início dos anos 2000. Menção honrosa ao simples, propício e belo solo de guitarra incluído no final.

Apesar da agressividade, “Guilty Blue” traz as referências ao ska punk novamente, principalmente em seu ritmo. Destaque para a cozinha, com seu baixo ‘grooveado’ e o final apoteótico com direito a inclusão de um naipe de metais para fechar a música com chave de ouro.

Com uma introdução levemente dramática, a banda se despede encerrando o disco com “A Thousand Lies”, uma composição que tem uma levada mais cadenciada (principalmente para os padrões do álbum), mas sem cair em piegas ou melodias melosas. Ao mesmo tempo que é a mais acessível, é a mais trabalhada e com detalhes nos arranjos. Mais uma façanha do Dial Drive.

“Burning Bridges” não tenta soar filosófico, e traz temas comuns dentro do estilo proposto. Em suas letras, a banda fala sobre festas e curtição, mas ao mesmo tempo há lamentos, perdas, enfim, coisas da rotina de qualquer ser humano.

A realidade é que o novo álbum, segundo da carreira da banda, vem para provar que o Dial Drive é uma banda conhecedora quando o assunto é punk. Afinal, no disco ela praticamente transita por todas as ramificações do estilo e ainda flerta com seus semelhantes. Ouça, e mais de uma vez.

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