Kevin Bailey vem de Detroit, Michigan. Não é exatamente o cenário mais conhecido internacionalmente do hip-hop, porém, existe. Isso pode fazer com que o artista se destaque, por representar aquele território norte-americano, mas também causar certa pressão, afinal de contas, a responsabilidade de aparecer para o mundo sobrecai nele. É exatamente o que acontece aqui.
Logo, entregar um trabalho ‘meia-boca’ pode ser o início do fim, então a qualidade e equilíbrio são fundamentais. Bailey parece conseguir isso sem muito esforço e não que ele não o tenha feito, pelo contrário. É que o resultado positivo surge naturalmente e acaba beneficiando o artista, que é direto e sem meias-palavras em seu novo disco “DA NEW CLEAN BASTARD”.
A versatilidade é outro ponto forte de Kevin e não estamos falando apenas em ritmo e estilos. Ele consegue variar em vários quesitos e a melhor coisa disso é que mantém o equilíbrio, não se perde nos elementos e mantém as características de sua sonoridade o tempo todo no álbum.
E olha que estamos falando de um trabalho que, contando a introdução e alguns interlúdios, tem 25 composições e mais de 1 hora e vinte minutos de rap, trap e R&B, feito com a maior identidade e gana de um artista que quer muito mais do que se imagina.
Depois de “A Side The Rage Intro”, Bailey dá as caras com um chute na porta em “FXXXD” (pode reparar que os nomes das faixas são cheios de simbologias e gírias que não dominamos). A faixa tem o ritmo típico do rap, mas ganha sintetizadores que já hipnotizam o ouvinte com uma sonoridade alucinante.
“F0FiVE3FiVE6” é uma faixa que, em seu contexto musical, soa um pouco mais próxima da realidade, mantendo a agressividade vocal do artista. Mas foi escolhida como carro-chefe e ganhou um clipe com cenas quentes e sensuais, de ostentação feminina e muito bom gosto, diga-se de passagem. Enquanto isso, a faixa seguinte, “WiShliiST” faz um leve contraponto, dando uma leve abrandada, mas mantendo a dinâmica e trazendo um pouco de R&B.
Logo chega “BOSS”, uma composição onde Kevin mostra um lado mais sisudo e sério, ao menos no que consiste na batida, arranjos e sua interpretação. “SAKE” mantém esse propósito, bebendo muito na fonte ‘old school’ do trabalho, e é a primeira a mostrar o rapper variando em suas linhas vocais. Sem sair da casinha, a faixa soa muito diferenciada e irá agradar os apreciadores mais conservadores do estilo.
Interessante, que “ME” parece concluir a trilogia de composições com teor ‘old school’, sendo a mais intensa nos vocais. “Illegal Romance” tem uma veia funk que só colabora com a vibração do trabalho, enquanto “Ass Man” taca um pouco de fogo, contando com alternação das linhas vocais sendo interpretada por uma mulher. “WHATS VALiD” chega para incrementar mais, sendo uma faixa de ritmo e arranjos diferenciados, soando mais moderna e característica. Neste momento parece que concluímos que a música de Kevin Bailey não tem fronteiras.
Chegando quase à metade do disco, “BiG MiSTAKE!!!!!!!” vem com uma batida intensa e uma vibração que estremece o trabalho, parecendo querer nos fazer acordar na marra. E é exatamente isso que acontece, pois devemos estar atentos quando, “sCLOUDSs” entra com sua melodia mais intensa e todo seu contexto influenciado pelo soul. Sem dúvidas é uma composição que dá o respiro necessário para seguir em frente, pois, depois do interlúdio “B-SIDE THE BARS INTRO”, o bicho pega novamente.
E logo em “1000PINS” a mescla do rap e R&B vem muito bem feita, mostrando mais uma vez um lado mais suave de Kevin. Belo trabalho vocal desta canção, diga-se de passagem. De batida viciante, mas cadenciada, “UuuP” invade o coração, enquanto “ADVANCE” resgata o soul novamente, com um emulador de sopro entorpecente em seu início. O mais incrível que essa veia mais relaxante toma conta da segunda parte do disco, tanto que “BuGs Munny” mantém essa pegada.
“DO oR DIE” traz participação especial de MYNA, que tem uma condução vocal com uma dicção impressionante. Só apimenta ainda mais o trabalho. “CREEPY LEG GRAB” é uma das faixas mais orgânicas do disco, assim como “ALL UP”, que tem até elementos de folk em seus arranjos!
“MDNIGHT RIDEZ” é mais uma que traz uma participação especial, desta vez de J.U.S, onde Kevin acerta mais uma vez em sua parceria, tanto quanto em “NIGHT GuY” que tem colaboração de TRPL BLK e sua veia psicodélica. Em “NVR $$$$$$$”, o ar de despedida parece certo.
E a gente entra em uma reta final quando “Till it’s over” entra em cena praticamente trazendo todos os elementos que compõem o álbum. E “PHRESHR MUDD” fecha o disco de uma forma inesperada, mas consistente, com um teor que soa quase que como um recital. Mas que conclui que “DA NEW CLEAN BASTARD” é um disco e tanto de hip-hop.
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