A cantora e compositora americana Violet, mediante sua alcunha artística Raven Ives, é um dos nomes mais incensados no cenário independente, tendo recebido grande visibilidade perante público e crítica especializada. O impacto é tamanho, que toda nova empreitada sua vem cercada de grande expectativa, pois sempre consegue surpreender o público mediante seu conceito artístico fulgurante.
Violet cuida solitariamente de todos os passos referentes ao processo criativo que Raven Ives culmina em sua trajetória, como a total autonomia frente a composição, gravação, mixagem, masterização e até a arte da capa do álbum! Realmente impressiona como cada partícula em sua obra, por mais minuciosa que seja no resultado final, recebe sua assinatura autoral denotando a personalidade que exaure pelos poros credenciando a poderosa identidade desprendida.
“Rainy Days” tem uma propulsão hipnótica captada por camadas atmosféricas e etéreas que se complementam, sucedendo sua aura melódica com pitadas de lisergia altamente sedutoras em seu intento. A voz de Raven Ives nessa experiência sensorial onde somos abruptamente “abduzidos” pela força emanada, tem destaques primordiais, e um deles é a voz MAGISTRAL da artista: alternância de intenções mostrando total domínio da narrativa, timbres diferenciados, falsetes incríveis, técnica aprofundadíssima e doses asertivas de sofreguidão emocional.
Cada palavra é emanada em proporções singulares, e reforça a verve poética da faixa que realmente salta aos olhos, pois é carregada de metáforas que alternam entre o singelo e a transgressão literária. A similaridade sonora com o cenário trip-hop, apesar do ineditismo da proposta, evoca uma sensualidade que funciona de forma natural em seu prognóstico conceitual!
Vale destacar o suntuoso refrão, daqueles grudentos e perfeito para ser capitaneado direto em nossa corrente sensorial, além de perfeito para ser bradado em proporções entusiásticas apesar do tom intimista e sussurrado na perspectiva. Os beats fortes dialogam com todo o prognóstico descrito, corroborando para um ambiente esfumaçado, underground e com ares instrumentais de trilha-sonora, onde furtivas imagens vão sendo desprendidas frequentemente em ensejos gradativos no nosso inconsciente!
O piano obtém um protagonismo rumo a encore, já que o sintetizador em profusão toma os rumos durante a maior parte da viagem instaurada. Todas essas minúcias acabam deliberando insights ambient que realmente reverberam espectros incisivos em sua imponência… Sabe aquele petardo que já nasce com o status indubitável de HINO supremo? Pois é, exatamente o que temos aqui, uma canção que promove um acontecimento impoluto, muito além de apenas um mero lançamento musical. “Rainy Days” exaspera vibrações em contexto também futurista, essa estrutura de synths nos remete a projeções amplamente embebecidas em doce mistério.
A letra que trata de questões profundas como “a luz nos dias chuvosos, dançando o tempo todo enquanto a chuva cai, e caindo, caindo…”, é desvendada astuciosamente pela autora: “a chuva nas minhas músicas é sempre uma metáfora para algo bom e positivo. O sentimento das músicas é mais como o fim de nossos dias no escuro, está próximo enquanto dançamos como sombras na chuva esperando pela luz.” Esse preceito só torna todo o contexto ainda mais sedutor , pois além da própria narrativa cantada em questão, começa a fazer bastante sentido chuva aliada a intentos de elevação referente ao campo imagético do registro em si.
A faixa faz parte do mais recente álbum de Raven Ives, o sucessor dos aclamados “Land of Ennuí” (parte 1 e 2), a pérola “No Reason”, um suntuoso conjunto de quinze canções irrepreensíveis. Impressiona como apesar da imponência criativa com que desfila o repertório, seu trabalho apresenta um encadeamento dos mais precisos, o que denota a coesão absurda que desprende sua esfera musical. A produção é constante e incessante, os registros se sucedem praticamente anualmente, reforçando esse espetacular diamante que cada vez mais apresenta uma maturidade musical irrefutável!
Fatalmente o lançamento em formato de single “Rainy Days”, elevará seu nome para dimensões estratosféricas, chegando até os recantos mais inóspitos do planeta, porque é realmente SENSACIONAL! A frase emanada “estamos dançando sombras em dias chuvosos”, que corrobora com um prisma esvaído em positividade frente ao seu entendimento, tem tudo para cair em prismas populares quando definir ao grande público seu entendimento… Como uma expressão pode contribuir para um estigma de poderes ainda mais expansivos, mesmo a primeira instância suscitando uma aura certamente lúgubre e soturna, mas que ao aprofundar da viagem proposta, o entendimento nos abre a explosão que realmente adorna esse estigma tão ancorado em beleza!
Em uma década que percebemos uma ousadia bastante corajosa em se tratando de cenário pop mundial, Victoria e seu alter-ego artístico Raven Ives se afirma como nome dos mais provindos nesse momento vigente. O cenário pandemico, com o inédito ócio durante os bloqueios, corroborou para que produções com essa carga de sentimentos e emotividade fossem transbordadas incessantemente, para colocar para fora toda a ansiedade, temor e demônios internos de um dos momentos mais complicados da história da humanidade. Precisamos celebrar essa geração e nomes como o de Raven Ives, que ainda ouviremos BASTANTE falar daqui pra frente! Disponibilizado abaixo:
https://open.spotify.com/artist/0h0t4y7lfgraOXqmLDinVZ
https://soundcloud.com/ravenives
https://ravenives.bandcamp.com/
https://www.youtube.com/channel/UCy0gws44xFYVo2z6YFQgRQA
https://www.instagram.com/ravenives